Coronavírus em pacientes com câncer
A rápida disseminação do coronavírus (COVID-19) e a alta letalidade têm trazido dúvidas e angústia em muitos pacientes com câncer e também naqueles que já completaram seu tratamento e estão apenas em acompanhamento.
Alguns estudos mostram que a frequência de pacientes com câncer e coronavírus varia de 0,9% a 1% e que estes pacientes têm o mesmo risco de contrair o vírus que a população em geral. Entretanto, o indivíduo com câncer possui uma maior propensão a adquirir a forma grave da doença, ou seja, complicações respiratórias. De acordo com a oncologista clínica Thais de Almeida, do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP), “os pacientes com maior risco de evoluir para a forma grave são aqueles que estão em uso de quimioterapias que comprometem o sistema imunológico e aqueles com neoplasias hematológicas como leucemia, linfoma e mieloma múltiplo. Indivíduos transplantados também possuem risco da forma grave da doença, bem como idosos, diabéticos, aqueles com pressão alta ou problemas cardíacos”.
Um estudo publicado na Lancet Oncology, revista científica de grande impacto, observou um maior número de indivíduos com histórico de câncer na população acometida com COVID-19, quando comparada à população chinesa (18 casos de câncer em 1590 indivíduos acometidos pela COVID-19). Entretanto, a média de idade nos indivíduos com câncer foi maior quando comparada às pessoas sem câncer (63 anos versus 48 anos), e apenas quatro haviam feito quimioterapia ou cirurgia nos últimos 30 dias. “Ainda não temos dados consistentes que indiquem que indivíduos curados de câncer têm maior risco da forma grave do que a população geral. Entretanto, os cuidados e medidas preventivas devem ser rigorosos para todos”, destaca a oncologista clínica.
Quanto aos indivíduos em tratamento, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e diretrizes internacionais recomendam que os tratamentos oncológicos que mostrem benefício ao paciente não sejam adiados, e os cuidados em relação ao isolamento e higiene devem ser redobrados. Para Thais, “É extremamente importante que busquem locais seguros para realizar o tratamento e que evitem levar acompanhantes nas sessões de quimioterapia ou em consulta, devido ao risco de o acompanhante ser um portador assintomático que pode disseminar o vírus para outros pacientes e para a equipe. Eventualmente seu médico poderá sugerir postergar consultas, exames ou até modificar o seu tratamento para medicações orais, quando possível, a fim de promover o seu isolamento social”.
Este conteúdo é produzido por TVBC