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Artigo: a vacina da gripe pode mesmo me dar gripe?

No ano em que a vacina da gripe completa 20 anos, a médica infectologista Adriana Blanco, do Hospital Santa Cruz, desvenda os mitos que ainda cercam o tema

Mais um outono começa e novamente se inicia a campanha de vacinação contra a gripe. Esse ano o governo brasileiro tem como meta vacinar 54,4 milhões de pessoas. Embora as campanhas de vacinação em massa contra a gripe comemorem 20 anos em 2018, ainda há muita fantasia em torno do tema. Muitos ainda acreditam que a vacina não faz bem e que só contraem gripes mais fortes justamente porque se vacinaram. Outros ainda se questionam sobre as diferenças das vacinas disponíveis em unidades básicas de saúde e nas clínicas particulares e se realmente existe a necessidade de se vacinar anualmente.

Frente a esses questionamentos é importante lembrar que a vacina é feita de partes de vírus inativo, ou seja, vírus morto. Ele não tem nenhum potencial para causar doença e sim uma reação imunológica que produz defesas no organismo de quem se vacinou. Os efeitos colaterais – raros – podem lembrar um resfriado, mas não são causados pelo vírus e sim por esta reação imunológica.

Em relação à disponibilidade das vacinas nas unidades de saúde básicas ou em clínicas particulares temos dois pontos a esclarecer, o primeiro é que as vacinas disponíveis nas unidades de saúde priorizam os chamados grupos de risco. Estes englobam os pacientes que podem apresentar as formas mais graves, até fatais, da gripe. São eles os idosos acima de 60 anos, as crianças menores de 5 anos, as gestantes, as puérperas até 45 dias e os portadores de doenças crônicas comprovadas por atestado médico. O segundo ponto é a composição das vacinas. A vacina oferecida pela rede particular tem um espectro de cobertura maior que a oferecida pela rede pública. São quatro cepas de vírus cobertas (tetravalente) no sistema privado, contra três do SUS (trivalente).

A frequência da vacinação deve ser anual, pois há mudanças das cepas que compõe a vacina para cada campanha de acordo com a circulação dos vírus mais prevalentes para o período.

Finalmente, não podemos deixar de mencionar que tão importante quanto à vacina são as medidas de prevenção. São elas a proteção do nariz e da boca, cobrindo-os enquanto se espirra ou tosse, o uso de lenços descartáveis, a lavagem as mãos com água e sabão e o uso do álcool gel 70% regularmente, além de melhorar a circulação de ar abrindo as janelas nos ambientes fechados.

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