A mulher e seu tempo
Nascemos com uma certeza: temos o tempo sempre conosco. Em alguns momentos, ele é aliado. Em outros, nem tanto. Nós, mulheres, sabemos bem os efeitos do tempo e como o relógio metabólico e biológico gira mais rápido quando comparado aos homens. Mas, se essa é a única constância que temos na vida, como fazer disso uma vantagem?
Quando somos adolescentes, queremos que o tempo voe. Temos pressa. Aos vinte e poucos anos, mantemos a pressa, pois queremos chegar ao nosso futuro. Já quando os trinta chegam, pensamos em puxar o freio do tempo. Queremos que nosso relógio gire mais devagar. Mas é só quando a última batida do relógio tocar naquele dia em que você fez quarenta anos que você se dá conta de que há um relógio interno que marca o tempo, o ritmo do seu metabolismo.
Muitas vezes, não pensamos no futuro quando somos mais jovens. Resumimos saúde à aparência e a preocupação com o peso costuma ser um tema comum entre as mulheres. Alterações metabólicas, medidas preventivas, qualidade de vida… tudo isso é muito relativo, pois não parece próximo nem temos a sen sação de pertencimento sobre essas
pautas. Quando os quarenta chegam, no entanto, eles trazem consigo uma sensação de falta de tempo ou mesmo da necessidade de recuperar o que foi perdido. Mas o que de fato faz o tempo da mulher de quarenta anos passar mais rápido?
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Sabemos que o metabolismo torna-se mais lento, pois inúmeros fatores, desde genéticos até os hábitos de vida, mudanças na digestão, flora intestinal, expressão genética, funcionamento muscular, flutuações hormonais, tudo vai interferir no “andar” do nosso relógio interno. Mas os quarenta tornam-se mais evidentes quando as alterações do climatério – ou transição para a menopausa – chegarem. Aí, sim, a sensação de se ter menos tempo torna-se imperiosa.
Por isso, faço uma pergunta para você, mulher que já está no climatério: como lidar com isso? O primeiro passo é acolher essa palavra que pode parecer impactante e entender tudo o que ela significa, todos os sintomas e todas as formas de amenizá-los. É preciso entender que sua memória, humor, sono, disposição, libido e peso irão mudar, mas que você vai lidar com isso de forma que seu relógio metabólico ande mais devagar.
E como vamos lidar com os “quarenta” em transição para a menopausa? Penso que é fundamental entender que todo o processo de autocuidado depende somente de nós e que cada um é responsável por si. Também temos que perceber que os pilares de um metabolismo saudável estão ao nosso alcance quando, por exemplo, reduzimos o açúcar refinado e alimentos industrializados, quando praticamos exercícios físicos, quando cuidamos do nosso sono, controlamos nosso estresse e, muitas vezes, quando conseguimos acesso a avaliações mais profundas sobres questões metabólicas e conseguimos modular processos por meio de intervenções nutrológicas. Assim, a nutrologia mais uma vez assume seu papel na prevenção e na modulação da velocidade desse tempo, mesmo sabendo que antienvelhecimento não é possível, mas, sim, que o melhor está por vir.
*Matéria originalmente publicada na edição #276 da revista TOPVIEW.