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Projeto Luz e Obra Nossa juntos pela moradia social

Primeira casa construída pela parceria entre as duas organizações sociais está prestes a ser finalizada

A rede de solidariedade que cerca Curitiba e Região Metropolitana alcança novas conquistas a cada dia. A união do Projeto Luz com o movimento nacional Obra Nossa, iniciado no ano passado com o “Juntos Somos Mais”, e que, hoje, reúne aproximadamente 300 colaboradores, entre arquitetos, designers, lojistas e clientes, resultou em um projeto quase finalizado de residência para Bela Rosa, moradora da Vila Harmonia, na Cidade Industrial de Curitiba.

Inicialmente, as ações sociais da organização sem fins lucrativos começaram com a distribuição de cestas básicas e material de higiene e limpeza para pessoas em vulnerabilidade social na região de Curitiba. Foi durante as entregas e o constante contato nas comunidades que os arquitetos entenderam uma nova e imprescindível necessidade: a moradia. Apesar da mudança de foco nas ações, o projeto já teve arrecadação de R$200 mil até o mês de agosto.

Para Pedro Silveira, arquiteto e coordenador do GT de Projetos e Obras, do Obra Nossa, como profissionais da arquitetura, não tinha como fechar os olhos diante da situação precária de moradia, que ia além da alimentação. “A gente viu que o primeiro momento seria nutrir essas pessoas e dar essa condição de se alimentar, mas, depois, a gente viu que poderia fazer mais, chegando a construir casas”, conta.

A casa de Bela Rosa é a primeira residência construída e quase finalizada pelo Obra Nossa, que já conta com 10 projetos em desenvolvimento. O próximo passo, de acordo com Silveira, é a campanha com a Impermix para a pintura da moradia. “A ideia de fazermos ações mais transformadoras veio naturalmente. Nosso grupo é majoritariamente formado por arquitetos, designers, engenheiros e atuantes da área, e, com isso, todos sentiam a necessidade de ajudar com a sua expertise. Criamos alguns Grupos de Trabalho para conseguir organizar as várias ideias e agora as doações vão para essas ações também, além das cestas básicas”, explica.

O contato com a Vila Harmonia aconteceu pelo Projeto Luz, que já realizava trabalho social na região. “A gente percebeu que a Bela Rosa morava em uma condição muitíssimo precária, então nosso grupo se sensibilizou com a situação dela, principalmente o Rodrigo Heinberg, que é o arquiteto que tomou frente do projeto desenvolvido para ela”, explicou Pedro. Segundo ele, o projeto foi realizado a partir de arrecadação de recursos com os voluntários de arquitetura e do Projeto Luz.

(Foto: Divulgação)

O atual objetivo da organização é adotar comunidades específicas, com situações consideradas mais emergenciais e ações a longo prazo, a fim de acompanhar a melhoria na qualidade de vida das pessoas. Pedro conta que existe uma diferença entre entregar uma obra pronta e ter vínculo com o usuário após a entrega. “A nossa intenção é criar esse vínculo e poder acompanhar o desenvolvimento ao longo de um período.” A seleção de novos projetos é feita em conjunto pela Triagem do GT, após estudos, análises de demandas e conversas com líderes e moradores da comunidade.

“Eu acho importante ressaltar o quanto é importante um teto, um abrigo, um lugar que você possa voltar depois do trabalho, um lugar que seja o seu núcleo familiar, a gente sabe a importância desse espaço, principalmente quando você vive em uma situação de precariedade maior, que é o caso dessas comunidades ao redor da cidade de Curitiba”, destaca o arquiteto Pedro Silveira.

Além das ações sociais já executadas, a organização ainda tem o propósito de capacitar pessoas da comunidade em tecnologias construtivas para que elas mesmas construam e possam ser inseridas no mercado de trabalho da construção civil. As expectativas para o futuro apontam a permanência nas comunidades por muitos anos, transformando a vida dos moradores. “Nossos três principais pilares são Sustentabilidade, Educação e Transformação. Cada conversa com empresas, pessoas e  voluntários é uma nova injeção de ânimo para irmos em frente”, finaliza.

*Coluna originalmente publicada na edição #251 da revista TOPVIEW. 

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