Férias animais? Saiba o que fazer com seu pet quando for viajar
Ter um animal de estimação envolve muita responsabilidade e afeto, inclusive na hora de tomar a decisão de viajar. Seja ela de fim de semana ou por um tempo mais longo, os donos devem se informar sobre as possibilidades e estar atentos aos cuidados a se tomar em cada um dos casos.
A veterinária Andrea Oliveira afirma que a primeira preocupação deve estar relacionada à segurança. “Quando os pets são deixados em um novo ambiente, sua primeira reação é tentar fugir para ir atrás dos donos, por isso, se a opção é deixar em um hotel especializado, o ideal é visitar e verificar as condições do local.”
Outro item muito importante nesse caso, segundo Andrea, é a exigência, por parte do hotel, de que todos os animais estejam com as vacinas em dia – e não somente a imunização contra raiva – e tenham feito aplicação de antipulgas e carrapatos. “Evitar levar as fêmeas em período de cio também é bem aconselhável”, alerta.
A maioria dos hotéis para pets é dirigida ou para cães ou para gatos, já que os dois têm características, personalidades e, principalmente, necessidades bem distintas. “Mas existem também estabelecimentos para outros animais, inclusive exóticos, aves e até peixes!”, conta Andrea.
Segundo ela, em Curitiba ainda faltam opções dentro da cidade, pois quase todos os hotéis são afastados do centro urbano, com intuito de oferecer mais espaço em área verde. Esse filão tem tudo para crescer, considerando que o Brasil possui o segundo maior mercado pet do mundo, com faturamento de R$ 14 bilhões em 2012.
Os hóspedes
Há quem prefira deixar os bichanos no conforto de casa, sob os cuidados de amigos ou parentes que já convivem com eles, especialmente se o período de ausência é grande. “Quando fomos viajar por dois meses, minha mãe veio morar aqui em casa só para cuidar da Lady e da Mel. Aí a hóspede foi ela!”, conta a artista plástica Letícia Rosa (foto) sobre suas duas Lhasa Apso. Mas, geralmente, em ausências de até um mês, Letícia prefere deixá-las na companhia do veterinário. “Houve uma vez em que fomos buscá-las e depois de fazerem festa para nós quiseram voltar ao hotel. Isso quer dizer que gostam e são bem-tratadas, o que nos deixa mais tranquilos.”
Sueli Nadalin, proprietária do Hotel Paradiso, para cães, começou o negócio conciliando o espaço de criação que precisava para seus Cockers com o hotel para suprir uma demanda de mercado. “Tudo foi pensado, desde o início, para o bem-estar dos cães e estamos em um local que facilita a vida dos donos, na saída para as praias”, afirma. Para os marinheiros de primeira viagem, Sueli aconselha a fazer uma adaptação preliminar. “É importante analisar como o animal vai reagir à ausência dos donos, especialmente quanto à alimentação. Trazer os objetos que ele está acostumado – potes, brinquedos, ração, cobertor – ajuda muito”, explica.
Ela também conta que os pets acostumados a ficar em jardins ou áreas verdes sentem menos a ausência em períodos curtos, já os que passam muito tempo dentro de casa, na presença dos donos, são mais suscetíveis a ficarem mais estressados com a mudança de rotina.
Os viajantes
Há uma categoria, especialmente de cães, que não se deixa intimidar por algumas horas no carro ou no avião: os viajantes. Prova disso é que encontramos um portal de turismo especializado para aventureiros de quatro patas, inspirado na relação da turismóloga e especialista em comportamento animal, Larissa Rios e sua Golden Retriever, Cléo. “Na minha própria busca por dicas sobre viagens com animais, descobri o quanto o mercado brasileiro era carente de informações sobre o tema e que a grande maioria dos donos de pets também tinha a mesma dificuldade.” Assim nasceu a empresa e o Portal Turismo 4 Patas (www.turismo4patas.com.br), guia online especializado em turismo e eventos para animais de estimação.
A empresa organiza e realiza eventos para cães e seus donos, incluindo ecoturismo e
esportes de aventura como floating, rafting, trilhas, caminhadas ecológicas e passeios de barco. Além disso, atua como veículo de divulgação de hotéis e de outros estabelecimentos que aceitam pessoas acompanhadas dos seus animais – os chamados pet friendly –, oferecendo também informações para auxiliar o planejamento da viagem.
A arquiteta Caroline Stockler Conceição é adepta da viagem com suas cachorras da raça Labrador e Dachshund, ambas de nove anos. “Eu não levo as duas em todas as viagens, mas quando vou para a casa de praia aí sim elas sempre vão junto”, conta.
Poder dividir uma experiência de viagem com o animal de estimação pode ser muito estimulante. “Depois desta vivência, os donos se sentem muito mais próximos do seu animal, passam a entender melhor seu comportamento e suas necessidades e muitos, ainda, superam desafios e se surpreendem com os pets”, finaliza Larissa.
Os independentes
Como os cães são mais sociáveis e dependentes, quem prefere deixar os pets sozinhos em casa geralmente são os donos dos felinos. Mas é bom ressaltar que o tempo de ausência deve ser curto e é necessário ter a casa bem adaptada e segura. “Por períodos menores do que quatro dias, por exemplo, ele fica bem sozinho em casa, pois moramos num apartamento garden, com tudo cercado e passagens basculantes pelas quais ele tem liberdade de percorrer todos os espaços da casa”, conta a jornalista, Analu Mainardes, dona do gato Fernando, de quatro anos e meio.
Mas quando a viagem é mais longa, Analu recorre ao Gatil de Treveri, especializado na hospedagem de gatos há mais de 20 anos. “Fomos aprendendo, na prática, a lidar com os animais e a entender suas necessidades. Temos muito cuidado com a segurança e higiene”, diz Vera Gabardo, proprietária do hotel.
Ela conta que cada gato tem seu apartamento e quase todos os que se hospedam lá estão acostumados a ficar em espaços determinados. “Mas engana-se quem acha que eles não sentem a ausência dos donos”, afirma. Analu concorda. “Eu percebo que o Fernando sente essa falta. Como tenho câmeras no apartamento, observei que quando estamos em casa, ele está sempre conosco; já quando está sozinho, dorme muito mais”, analisa.
Onde fica
Hotel Paradiso: Rua Alfredo Pinto, 1.453, São José dos Pinhais | (41) 3382-4369 | www.hotelparadiso.com.br
Gatil de Treveri: Av. Senador Salgado Filho, 3.225, Uberaba. Atendimento das 8h às 18h, só com horário marcado | (41) 3278-3781 | www.gatildetreveri.com.br
Saiba como transportar seu pet
NO AVIÃO
– Entre em contato com a sua companhia aérea com antecedência para saber os procedimentos de embarque de animais.– Somente cães e gatos podem ser levados na cabine de passageiros, desde que sejam de pequeno porte e não excedam 10 kg (com a caixa de transporte). Acima disso terão que ser transportados no cargueiro da aeronave (até 45 kg).
– O animal deve ser acomodado em uma caixa de transporte (kennel) preferencialmente de fibra, com identificação.
– Não é permitido o transporte de animais sedados na maioria das companhias aéreas.
– Cães-guia de deficientes visuais com dependência total do animal para locomoção são permitidos dentro da cabine de passageiros.
– Entre a documentação exigida estão: certificado de vacinação antirrábica, autorização do veterinário para filhotes de até três meses, atestado de saúde emitido pelo veterinário e formulário específico de responsabilidade da companhia.
*Fontes: ANAC- Agência Nacional de Aviação Civil e TAM.
NO CARRO
– O artigo 252 do Código de Trânsito Brasileiro proíbe o transporte de animais entre os braços e pernas do motorista ou soltos no interior do veículo. Já o artigo 235 proíbe o transporte de animais nas partes externas do veículo, salvo nos casos devidamente autorizados e com total segurança. Infringir quaisquer uma dessas normas pode acarretar multas, pontos somados à sua licença de motorista e a possível apreensão do veículo.– Os animais de estimação devem ser transportados em caixas especiais, presas ao cinto de segurança ou no chão.
– Os agentes de trânsito poderão solicitar atestado de saúde do animal, emitido por um veterinário, em caso de viagem.
*Fonte: Detran.
*Matéria escrita por Daniélle Carazzai e publicada originalmente na edição 157 da revista TOPVIEW.