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Adoção de animais domésticos cresce em meio ao isolamento social

Especialistas alertam para risco de abandono após pandemia

A solidão do isolamento social tem levado muita gente a adotar um animal de estimação, para ter companhia e distração nesta fase difícil. De acordo com a psicóloga, mestre em Análise do Comportamento e professora do curso de Psicologia da Universidade Positivo, Kátia Biscouto, é comprovado cientificamente que o contato com os bichinhos ajuda a liberar os chamados “hormônios do bem”, aumentando a produção de endorfina (considerada um analgésico natural) e serotonina (que atua no cérebro regulando humor, sono e apetite) e reduzindo as taxas de cortisol (relacionado ao estresse).

Ainda não há estatísticas oficiais dando conta deste aumento, mas, desde o início de abril, a grande maioria das ONGs relatou mais adoções do que o normal. Na ONG Força Animal, de Curitiba (PR), o número triplicou. E este movimento tem ocorrido ao redor de todo o mundo. Na Austrália, por exemplo, as adoções de pets na organização de bem-estar animal RSPCA NSW, no fim de março, chegaram a um aumento de 48%. 

Nesse sentido, o isolamento social pode ser uma esperança para os cerca de 3,9 milhões de pets em situação de vulnerabilidade no Brasil – ou ainda para os 172 mil animais tutelados por Organizações Não Governamentais (ONGs), bem cuidados, porém, à espera de um dono. Por outro lado, a coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Positivo, Thaís Casagrande, mostra preocupação com as adoções por impulso.

“O medo é que, ao fim da pandemia, quando as pessoas voltarem às atividades normais, estes bichinhos sejam novamente abandonados na rua. Ou então, mesmo que continuem em casa com os novos tutores, voltem a sentir solidão, já que, neste momento, estão tendo atenção 24 horas por dia”.

Transmissão do novo coronavírus

Thaís explica que o novo coronavírus não afeta animais, somente humanos. Mas não significa que o cão ou gato não possa levar o vírus a um humano. Durante um passeio com o cão, por exemplo, o animal pode pisar ou encostar em algum local que foi contaminado por uma pessoa infectada. Ao chegar em casa, tanto o dono pode encostar diretamente no pelo do cão, durante uma brincadeira ou ao pegar no colo, quanto o animal pode derrubar o vírus do pelo ao subir em camas ou sofás onde tem acesso. O cão não ficará doente, mas seu dono sim.

Portanto, o dono do cão não precisa se desfazer ou abandonar o animal, com medo de pegar o novo coronavírus. Um banho ou higienização das patas do animal são suficientes para evitar o contágio. Para os casos nos quais os tutores estejam com coronavírus, a recomendação é não manter os pets no mesmo ambiente.  

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