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Os carros elétricos no combate à crise climática

Uma alternativa não perfeita, porém, necessária

O retorno dos Estados Unidos ao Acordo de Paris no início deste ano destaca a gravidade da questão climática. O documento, elaborado em 2015, define metas para reduzir a emissão de gases do efeito estufa e, consequentemente, diminuir o aquecimento global. Para alcançar isso, muitas adaptações e iniciativas são necessárias, entre elas, descarbonizar o setor de transportes. Os carros elétricos são considerados uma possível “salvação” e uma alternativa aos veículos tradicionais, movidos à combustão de combustíveis fósseis. Mas, afinal, qual é o real benefício ecológico que eles proporcionam?

Entende-se por veículo elétrico (VE) qualquer tipo de transporte que utiliza acionamento elétrico e que pode receber carga elétrica de uma fonte externa ou de hidrogênio. Engloba modelos alimentados exclusivamente pela recarga de baterias, os híbridos, os híbridos plug-in e os que utilizam célula de combustível (fuel cell), que combina hidrogênio e oxigênio. Uma família bem diversificada.

O seu “valor verde” consiste no fato de que, enquanto veículos tradicionais, movidos à combustão, emitem aproximadamente 0,23 kg de CO2/km durante o deslocamento, os modelos 100% elétricos emitem ZERO. No entanto, a produção das baterias libera gases do efeito estufa na atmosfera – principalmente pelo uso de energia –, conforme dados da Carbon Brief. A segunda desvantagem é que, ao final da sua vida útil, as baterias não são devidamente recicladas e acabam se tornando rejeitos contaminantes.

Portanto, para que essa classe de veículos seja realmente eficiente no combate ao aquecimento global, o processo de fabricação precisa ser equipado com energias limpas e, cada vez mais, devemos investir em pesquisa para aumentar a durabilidade das baterias e melhorar a reciclagem delas após o uso. Sozinho, um carro elétrico não soluciona a ameaça climática, mas, quando combinado ao uso de energias renováveis, é a nossa melhor ferramenta. 

Conforme dados da ABVE, no período de 2012 a 2020, foram vendidos e emplacados 38.089 veículos elétricos no Brasil, sendo mais de 15.000 no último ano. É um mercado em ascensão. No entanto, para haver uma verdadeira mudança de paradigma e mais adeptos, são necessários incentivos, como infraestrutura de recarga, estacionamento gratuito e acesso preferencial. Outra forte ferramenta para alavancar a adesão é a isenção – ou pelo menos desconto – do IPVA. Como se trata de um imposto estadual, depende da normativa de cada estado. No Paraná, por exemplo, até 31 de dezembro de 2022, os carros equipados unicamente com motor elétrico para propulsão (100% elétricos) são isentos do pagamento do imposto. Estamos no caminho certo.

*Coluna originalmente publicada na edição #247 da revista TOPVIEW.

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