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Opção consciente

A cadeia tradicional de transporte e manipulação dos alimentos reforça hábitos nem sempre saudáveis e aliados do meio ambiente

Uma grande preocupação ambiental é a demasiada emissão de gases do efeito estufa, os famosos GEE que resultam no aquecimento global. Mas qual a ligação deles com a escolha dos alimentos que consumimos? As food miles (ou milhas alimentares, em tradução livre) representam a distância entre o local onde o alimento é cultivado e o local onde é consumido.

No Brasil, segundo o Relatório do SEEG e do Observatório do Clima, o transporte foi a principal fonte de emissões de GEE no setor de energia em 2018, constituindo 49% do total. Sozinhos, os caminhões lançaram 82,6 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera naquele ano (mais do que todas as termelétricas em operação
no Brasil). Porém, só as rodovias não respondem pelo impacto no meio ambiente. Se considerarmos dados
mundiais, a maioria dos alimentos é transportado por meio do mar (quase 60%) e a minoria pelo ar (0,16%).

“(…) a escolha por produtos locais é a melhor estratégia. Se levarmos em conta todas as vantagens (…), percebemos que vai além de evitar a poluição.”

O deslocamento gera outros impactos negativos, como o desperdício de alimentos, considerando que muitos perdem qualidade durante o trajeto, tornando-se impróprios para consumo. E mais: são utilizadas mais embalagens plásticas para proteger a carga, aumentando a geração de resíduos. O resfriamento utilizado é outro vilão, pois aumenta muito o consumo de energia.

Como o transporte de mercadorias é algo inevitável, muitas iniciativas tentam minimizar os reflexos. O Programa de Logística Verde Brasil (PLVB) surgiu com o objetivo de melhorar a eficiência logística e do transporte de cargas no Brasil, diminuindo a emissão de GEE. Mas, ainda assim, a escolha por produtos locais é a melhor estratégia. Se levarmos em conta todas as vantagens de optar por um alimento produzido localmente (sempre que possível, claro), percebemos que vai além de evitar a poluição. Também estamos valorizando o produtor, a região e economizando recursos que seriam gastos apenas para enviar o alimento a outro lugar.

*Coluna originalmente publicada na edição #240 da revista TOPVIEW.

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