SELF

O que um psicoterapeuta observa nas pessoas após 1 ano e meio de isolamento?

Convidei um amigo e psicoterapeuta para nos dar sua visão técnica e científica do assunto

Há alguns dias escutava surpreso pessoas falando sobre o impacto do isolamento criado pelas medidas restritivas devido a Covid-19. Muitos falam e opinam, mas ainda se sabe muito pouco por ser tudo bastante recente. Por isso, decidi convidar um psicoterapeuta para perguntar o que ele observa em seu consultório (agora online) nas pessoas, após esse tempo de isolamento.

Tonio Luna, é psicólogo (CRP 08/07258), psicoterapeuta, ex-coordenador da Comissão de Emergências e desastres do CRP-PR. Também é apresentador do podcast de filosofia “Não tem na Web” e frequentador assíduo do Mercado Municipal de Curitiba.

Tonio, muito obrigado por topar participar deste artigo. Seu conhecimento prático e técnico no tema com certeza vai ajudar muitas pessoas e empresas. O que você percebe em seus pacientes no consultório como principal mudança no comportamento desde o início da pandemia?

 Eu que agradeço, Diego. De maneira geral, há uma tristeza e um estado de incapacidade de compreensão em meus pacientes e nas pessoas com que convivo.

E você acredita que o trabalho foi ressignificado por nós após 1 ano e meio de home office e/ou de desemprego de tantos?

Acredito sim. Além das terríveis consequências como as demissões e tudo que vem com elas, o trabalho presencial mudou. Grande parte das pessoas que entraram em home office devem seguir fazendo este trabalho, no mínimo parcialmente. Rituais presenciais, dress code, interações com outras pessoas do local do trabalho, entre outras questões, foram ressignificados. Isto não é necessariamente positivo, pois a readequação das rotinas de casa trouxe muitos problemas de relacionamento nos casamentos e nas relações com os filhos. 

“Acredito que para as empresas o ideal seria manter uma relação presencial entre seus trabalhadores com certa frequência.”

Muitas pessoas sofrem com o medo e o isolamento em si. Mas muitas dizem que algo positivo pode nascer desses sentimentos. Você imagina que exista algo que todos possam fazer para sair desse momento com algo de positivo?

De fato não acredito que, mesmo depois de sairmos da pandemia, conseguiremos todos encontrar saídas positivas para as consequências da pandemia. Muitas pessoas estarão definitivamente marcadas por esta experiência. Estas pessoas vão precisar ter voz, serem minimamente ouvidas, para lidarem com estas consequências. Aquelas que podem ter acesso a programas de saúde mental, atendimentos psicológicos, programas de meditação e redução de estresse, que são poucas, terão suas consequências minimizadas.

Interessante! E o que as empresas podem fazer pela sociedade e pelas pessoas nesse momento?

Vamos à ciência, que fala bem melhor do que eu sobre isto. A Fiocruz lançou um guia para ajudar gestores, ou seja, empresas, para lidarem de maneira mais eficaz e com base na ciência durante e depois da pandemia.

Muito obrigado, Tonio! Sua visão com certeza vai ajudar muitas pessoas, gestores e empresas.

Sobre o colunista

Diego Godoy é headhunter e sócio da RecrutamentoFacil.com. Trabalhou em empresas multinacionais do segmento de serviços profissionais como PwC, Michael Page e Walt Disney Company. Também é fundador do Projeto Um Por Cento, reconhecido como iniciativa oficial pelo ACNUR e que trabalha na recolocação de refugiados no mercado de trabalho do Brasil. Foi eleito pelo LinkedIn um dos “Top Voices” em 2021.

Diego Godoy (Foto: acervo pessoal)

Deixe um comentário