SELF

O limite do bem-estar

Você já parou para refletir sobre o impacto das mídias sociais em nossa vida e no nosso corpo?

Nesta edição, a minha coluna será um conselho. Um pouco diferente do normal, mas talvez ela sirva para fazer parte das suas resoluções para 2021. Vamos lá! Não use os fragmentos da vida alheia como fator de comparação para a sua vida real. Com uma grande parcela da população vivendo muito mais o universo online do que o mundo offline, tornou-se corriqueiro não gostar da vida que levamos por tomarmos como referência o cotidiano editado de outras pessoas.

Sim, tudo o que acontece no mundo digital foi editado e não corresponde à íntegra, ou seja, à realidade de fato. Hoje em dia, os padrões de beleza passaram a seguir uma linha de extrema perfeição, o que coloca em xeque o processo de autoconhecimento e aceitação. Tudo isso transformou-se em uma grande competição de quem posta a foto mais bonita, criando nas pessoas, ilusoriamente, uma busca inalcançável por narizes desenhados, rostos harmonizados, peles perfeitas e corpos magros e definidos.

Infelizmente, outra grande parcela da população do universo online não busca um entendimento de si e a aceitação da sua singularidade, pois é extremamente importante entendermos que somos perfeitos em nossas imperfeições e qualquer mudança que deva existir deve vir de dentro. A vontade deve partir de nós mesmos e não por uma ditadura da beleza imposta, muitas vezes, pelo nosso uso das redes sociais. Pode parecer coincidência, mas o público brasileiro é o maior no Instagram no mundo e, por ironia do destino, ultrapassamos os Estados Unidos e nos tornamos o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo. Os dados são de uma pesquisa da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), divulgada em dezembro de 2019.

É fato que as redes sociais estimulam os cuidados com a beleza e a boa qualidade de vida – o que é ótimo para a autoestima e para a saúde como um todo. Mas reitero que é fundamental saber os seus limites e valorizar a singularidade, ter moderação e entender que a diversidade é também uma incrível forma de beleza.

Em 2013, passei por um grande distúrbio alimentar causado por uma doença chamada glomerulonefrite. Desde então, passei a entender melhor o que eu poderia praticar para que o meu bem-estar estivesse sempre em primeiro lugar. Com isso, as mudanças físicas acabaram como consequência, mas, com isso, aprendi que, antes de qualquer mudança estética, está a saúde e o bem-estar físico e emocional, além do respeito aos seus limites.

*Coluna originalmente publicada na edição #244 da revista TOPVIEW.

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