O falso saber e o saber verdadeiro
As tecnologias de comunicação, a internet, o smartphone, as redes sociais e o amplo leque de opções para falar, opinar e se comunicar deram voz a todos. A consequência é o gigantesco oceano de opiniões, palpites e pretensos ensinamentos que se propagam o dia todo, sobre todos os assuntos. O problema passou a ser distinguir o que é opinião boa, verdadeira e válida do que é palpite sem base, sem valor.
Nesse mundo de tempestade opinativa, é enorme o número de pessoas falando sobre assuntos sobre os quais nada sabem – ou sabem superficialmente.
O ignorante ousado não se constrange em ter opinião sobre tudo. Já o sábio se contém e opina somente sobre o que conhece. É legítimo dar opiniões e palpites sem pretensão, desde que não se destinem a convencer nem influenciar a vida e as decisões dos outros.
O escritor Charles Colton (1780-1832) disse que “a dúvida é o vestíbulo pelo qual todos precisam passar para adentrarem o templo da verdade”. O homem culto e sábio é humilde diante da imensidão dos conhecimentos acumulados pela humanidade. Por isso, ele somente fala sobre o que conhece e quando pode contribuir para ensinar e melhorar a vida dos outros.
“Os influenciadores, hoje, são muitos. Contam-se aos milhares. Como em toda atividade humana, há os virtuosos e os charlatões.”
O escritor George Iles (1852-1942) disse que “a dúvida é o início, não o fim, da sabedoria”, pois da dúvida nasce o desejo de estudar, pesquisar e conhecer. É nesse contexto que entra a função dos falantes públicos, aqueles que têm plateia e públicos para suas opiniões e ensinamentos.
Os influenciadores, hoje, são muitos. Contam-se aos milhares. Como em toda atividade humana, há os virtuosos e os charlatões. A questão é: como distinguir? Com o surgimento dos influenciadores seguidos por milhões, surgiu a figura do influencer pop star, aquele que se empolga com o aplauso público e começa a se portar como se fosse um artista, uma estrela, sem que a seu sucesso corresponda a amplidão de conhecimentos. Ou seja, são estrelas sociais, porém, ignorantes intelectuais.
A cada um de nós, cabe fazer um esforço para distinguir entre o falso saber e o saber verdadeiro – e ouvir aqueles que realmente têm algo a nos ensinar.
*Coluna originalmente publicada na edição #245 da revista TOPVIEW.