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Sentiu o celular vibrar e não era nada? Pode ser nomofobia, o medo de ficar sem celular

O que pode parecer natural, na verdade pode ser um sintoma de um problema real que gera medo e ansiedade

Acabou a bateria do celular. Bateu um desespero? Cuidado, isso pode ser sinal de nomofobia. O termo, também conhecido como o medo de ficar sem celular, pode ser muito mais do que um costume ou mania, mas uma fobia. 

É comum ouvir, principalmente de pessoas mais velhas e desconectadas com esse novo modelo de volume de informação global, que é preciso largar aquela “coisa” e prestar atenção no mundo real. Mas, já parou para pensar se você realmente consegue fazer isso? Segundo Raquel Heep, psiquiatra, professora, coordenadora adjunta do curso de medicina da Universidade Positivo e chefe de psiquiatria do Hospital Cruz Vermelha, este medo é real.

“Há mais smartphones do que pessoas no planeta Terra. Após a pandemia, isso teve um impacto ainda maior”, afirma Heep. Ela explica que isso ocorreu porque o mundo exigiu uma maior conexão e isso aumentou muito o sentimento de necessidade de conexão por tempo indeterminado. 

Ela explica que a sensação é de que a vida e o tempo são líquidos. “Tudo é muito rápido e imediato. Isso traz uma fobia do que é líquido. O trabalho pode escapar, os relacionamentos, as amizades, como se tudo fosse líquido. Isso traz sofrimento, angústia e ansiedade”, revela. 

Os sintomas, segundo ela, podem nem ser percebidos pelas pessoas, mas estão ali. “Isso tomou proporções tão grandes que a pessoa precisa tomar remédios e fazer terapia. Há pessoas que começam a ter tremores se a bateria do celular acaba, que não andam sem o carregador, que checam se o celular está vibrando sem isso nem mesmo ter acontecido e despertam no meio da noite para ler o celular. São sinais físicos causados pela falta de uso do aparelho”. 

Gerações 

A médica revela que, diferente do que já foi um dia, não é apenas a geração mais jovem que tem sofrido com a nomofobia. “Era muito comum esta fobia entre os adolescentes. No entanto, depois da pandemia, profissionais já instalados no mercado de trabalho passaram a ter este comportamento”, avalia a médica. 

Ela explica que isso se dá por conta, além de diversos fatores individuais, da situação econômica. “Eles sentem medo de não responder o chefe em poucos minutos e acabarem perdendo o emprego por conta disso. Eles precisam de uma hiperconectividade que gera ansiedade e acarretando vários problemas, como o burnout”, revela. 

Como evitar a nomofobia

“É o equilíbrio”, simplifica Heep. “A vida tem alguns pilares, um deles é a saúde o bem-estar. Por isso, devemos manter um sono regulado e de qualidade, uma alimentação saudável e uma rotina tranquila. Parece básico, mas faz muita diferença”, revela.

E, caso a situação fuja do controle, o mais indicado é procurar ajuda antes que o sintoma se torne uma patologia.

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