Sandro Beira: médico de corpo e alma
Ao contrário de quem vê a cirurgia plástica como uma área que trata do “superficial”, o especialista Sandro Beira percebe que ela provoca transformações profundas nas pessoas e contribui para que elas se relacionem melhor consigo mesmas e com os outros.
No entanto, o cirurgião plástico acredita que, para chegar a isso, não basta dominar as técnicas: é preciso compreender as mudanças que as pessoas buscam quando entram no consultório e saber enxergar as potencialidades de cada um.
Ao fim de um dia de trabalho, Beira recebeu a TOPVIEW em seu consultório, em uma bela casa no coração do Batel, e conversou sobre sua trajetória, o papel transformador da cirurgia plástica e as tendências da área.
Como chegou à cirurgia plástica e trilhou seu caminho até aqui? Minha formação médica aconteceu aqui em Curitiba. Quando fiz minha formação na área cirúrgica, eu já estava na USP, e foi lá que escolhi a cirurgia plástica, porque percebi que meu rendimento seria maior dentro de uma especialidade médica que, além de tratar a doença em si, me desse a oportunidade de ajudar as pessoas que estão bem a ficarem melhores, focando no estado de saúde delas, encontrando suas potencialidades.
E você acredita que esse foco acaba chamando a atenção? Acredito que as pessoas buscam soluções e que, quando você está diante de alguém que consegue traduzir a sua necessidade, é aí que está o talento de servir o outro. Porque a profissão médica é focada justamente nisso: em servir ao outro.
Você diria que esse “buscar as potencialidades das pessoas” seria a parte mais estimulante da profissão? Normalmente, as pessoas veem o glamour, aquela coisa do cirurgião plástico como um especialista que lida com situações aparentemente mais superficiais. E isso eu estou falando não só pelo olhar do leigo, mas até do próprio candidato a cirurgião plástico. Eu vejo como uma especialidade extremamente desafiadora, em que a técnica é apenas a ferramenta que eu utilizo para tocar as pessoas na profundidade delas, no seu interior. A minha intenção é, por meio da cirurgia, auxiliar essa pessoa a realmente se tornar uma pessoa inteira, completa. Porque a partir do momento em que você tem uma autoimagem positiva, as coisas começam a fazer sentido, tanto em relação a si, quanto em relação ao outro.
Existe um perfil de pacientes que procuram os seus serviços? Eu acredito que, normalmente, na cirurgia plástica, assim como na medicina em geral, funciona muito o boca a boca, ou seja, as pessoas acabam vindo através de experiência de outras. Então, não tem aquela coisa de (…) “nicho específico”. Tem situações muito bonitas, às vezes de famílias inteiras que vêm até mim.
Na cirurgia plástica hoje, qual é a tendência? O que estamos vivendo na área hoje é um posicionamento muito forte com uso de tecnologia e de cuidados menos agressivos, para que se consiga mudanças muitas vezes até sem a cirurgia em si. Uma tendência muito grande é o uso de MD Codes, que é uma modalidade de tratamento de rejuvenescimento que usa o ácido hialurônico não simplesmente como um preenchedor, mas como um modulador da ação da musculatura, um elemento que vai produzir um efeito lifting na face. A nível do corpo, uma das coisas que mais se faz hoje são cirurgias de mama, tanto o aumento quanto a correção. E hoje isso é uma coisa muito bonita, que evoluiu, porque no início havia um alinhamento muito forte com a cultura norte-americana, com implantes de mamas grandes. Hoje já temos a escolha de uma mama mais harmonioso, que esteja de acordo com o próprio corpo.
“[Há] um posicionamento muito forte com uso de tecnologia e de cuidados menos agressivos, para que se consiga mudanças muitas vezes até sem a cirurgia em si.”
Isso já está relacionado a uma mudança de padrão estético… Acho que a palavra sempre podemos usar é harmonia, tanto facial, quanto corporal. É uma visão mais de proporções mais naturais, e eu não sou um cirurgião de fazer as coisas exageradas. Aliás, penso que a minha participação justamente tem que potencializar a beleza que a pessoa possui, os pontos fortes. Não sou eu que vou colocar a beleza no rosto ou no corpo do paciente.
Nesse sentido, já aconteceu de chegar alguém no seu consultório querendo uma mudança exagerada e você conseguir mostrar que havia outros caminhos? Como profissional, eu sempre procuro respeitar o desejo da pessoa que me procura. Daí vem o trabalho de realmente perceber o que a está motivando e conduzir de maneira sábia e ética para um caminho de sucesso.
“Traduzir a sua necessidade: é aí que está o talento de servir o outro.”
Você citou o seu trabalho com procedimentos não cirúrgicos. Por que, há mais de 20 anos, você decidiu fazer esses procedimentos? Porque eu vi primeiro. Na minha percepção, é possível atingir uma melhoria, um resultado, utilizando técnicas não necessariamente cirúrgicas. E pelo conhecimento que um médico cirurgião plástico tem, ele pode fazer isso com propriedade, com capacidade. Agora, você tem que se preparar para isso, tem que buscar. Além do autoconhecimento e autodesenvolvimento, está a importância de estar o tempo todo evoluindo, crescendo.
*Matéria publicada por Vivian Faria na edição 203 da revista TOPVIEW.