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Liberdade de dentro para fora

A opção de congelamento de óvulos é uma revolução para as mulheres que esperam o momento mais estável na vida para construir uma família

“Tranquilidade em relação ao tempo, me sinto confortável, com uma garantia, uma segurança a mais. É viver sem paranoia, com liberdade, sem a pressão que as mulheres têm em relação ao tempo.” Esse foi o relato da gerente de marketing Danielle Oliveira Lopes após fazer o procedimento de congelamento de óvulos.

Como a própria Danielle deixa claro, o sistema biológico pode ser cruel com as mulheres que, antes de decidirem se querem ou não ter filhos, procuram estabilidade de vida. Isso ocorre porque a fertilidade feminina começa a diminuir com 35 anos.

Para tentar resolver parte do problema, alguns avanços tecnológicos foram surgindo ao longo dos anos, oferecendo um pouco mais de liberdade de escolha a essas mulheres.

O congelamento de óvulos é uma dessas possibilidades. Apesar de ser uma técnica conhecida há mais de 30 anos, foi há apenas 15 que ela, de fato, tornou-se mais popular, graças à vitrificação, procedimento que evita a perda de óvulos congelados.

Segundo o médico ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana Fernando Prado, o congelamento, antes, era feito de forma lenta, o que fazia com que muitos óvulos fossem perdidos. “Formavam-se cristais e o óvulo rachava. Com isso, cerca de 60% dos óvulos eram perdidos. Esse procedimento não era viável e, com a vitrificação, essa perda ficou pequena e proporcionou uma nova alternativa”, relata.

Apesar do procedimento mais avançado ser comum nos últimos 15 anos, Danielle afirma que nunca tinha ouvido falar sobre o congelamento de óvulos. Ela descobriu que existia essa possibilidade após visitar sua médica ginecologista depois de oito anos. “Fui em uma consulta de rotina. No entanto, perguntei a ela se eu deveria me preocupar com o fato de ter filhos, já que eu tinha 37 anos e não estava em um relacionamento”, revela a gerente de marketing.

Ela conta que, só então, descobriu que, mesmo com muita evolução na ciência, não havia como renovar os óvulos das mulheres quando eles envelhecem e, sim, a opção de congelamento de óvulos enquanto eles ainda são novos e não perderam sua performance.

Essa opção, segundo o médico, é muito benéfica para mulheres que escolhem ter uma estabilidade financeira e profissional antes de ter filhos. “Assim, é possível se dedicar à sua carreira sem abrir mão da família. Com o congelamento, a mulher pode escolher o seu momento mais estável para ter filhos e com a segurança de que ele será saudável, já que a gravidez tardia pode ser de mais risco”, conclui Fernando.

Foi exatamente o sentimento de liberdade que Danielle sentiu ao realizar o procedimento. “Eu saí da clínica com a sensação de poder viver em paz. É uma garantia. Minha ideia é não usar, engravidar da maneira convencional. Mas, para mim, é importante nesse sentido, já que a mulher tem um ‘tempo’ e eu não quero fazer nada no impulso”, conclui.

Procura durante a pandemia

Essa liberdade resultou em uma grande procura durante a pandemia. O especialista afirma que, no início da pandemia, muitas pessoas tinham medo de ter filhos, por conta do momento de incertezas e por grávidas serem um grupo de risco. Por isso, a maternidade foi adiada e o congelamento passou a ser popularizado. “Hoje, esse procedimento representa 30% do movimento da minha clínica. Antes, não chegava a 5%”, conta o médico.

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