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Gordofobia na quarentena: Ju Ferraz alerta para o preconceito disfarçado de preocupação ou humor

Em meio à pandemia do novo coronavírus, a empresária e defensora do movimento body positive destaca que posts de cunho cômico, porém preconceituosos, ganharam força nas redes sociais

Passamos por um período de isolamento que já dura mais de 80 dias, e com ele, você já deve ter se deparado com brincadeiras nas redes sociais, como “antes e depois da quarentena” e “até o final da quarentena me tornarei um caminhão”, que comparam biotipos físicos. Apesar do tom humorístico, a reprodução dessas publicações banalizam transtornos alimentares e prejudicam a saúde mental de pessoas que se sentem oprimidas por estarem fora dos padrões estabelecidos socialmente. A influenciadora e executiva Ju Ferraz, que defende o movimento body positive, alerta sobre o impacto dessas publicações. “Infelizmente, algumas pessoas não têm clareza do seu valor, no sentido de entender que seu corpo não vale mais do que o que você é de verdade, dos que seus princípios e valores, fazendo com que se sintam humilhadas. Então, não é o momento de propagarmos conteúdos que causem essa sensação”, alerta.

Atualmente Diretora de Novos Negócios e RP da Holding Clube, uma das principais agências de live marketing do Brasil, Ju Ferraz foi diagnosticada com Burnout há cerca de dois anos. Durante o processo de cura, a empresária engordou alguns quilos, e decidiu compartilhar suas dores e angústias por meio de artigos e cartas abertas em suas redes sociais. Após se sentir acolhida por seus seguidores e pessoas próximas, ela decidiu usar seus canais pessoais para disseminar conteúdos que abraçam a diversidade e alertar sobre práticas gordofóbicas. “As pessoas precisam entender que estamos vivendo um momento muito maior. É o momento de olharmos para o outro com respeito, de ajudar, e não de julgarmos alguém por usar 36 ou 46”, conta.

Os conteúdos de tom pejorativo, todavia, não surgiram durante a quarentena, mas se fortaleceram. Períodos festivos, como Natal e Ano Novo, são outras ocasiões que resultam em publicações comparativas e preconceituosas. “Todos sabemos que esse conteúdo já existia, mas estamos passando por um momento muito delicado, e as redes sociais são a nossa distração, o canal para nos mantermos perto, mesmo estando longe. Por isso, damos mais atenção, por estarmos mais conectados e sentirmos que a preocupação maior agora é em engordar, do que nos curarmos” destaca Ju.

Junto ao conteúdo disseminado nas redes sociais, há expressões usadas no cotidiano que trazem um tom provocativo e intolerante, e mesmo usadas inconscientemente ofendem pessoas com corpos gordos, dentre as mais comuns: “parabéns pela perda de peso”, “acima do peso ideal”, “gordice”, “bonita de rosto”, “cheinha”, “excesso de gostosura”, entre tantas outras. “Estamos falando também de saúde mental. Fazer brincadeiras com o corpo de uma pessoa, seja ele como for, não é piada”, ressalta.

A executiva aponta para a necessidade da mudança de foco frente ao momento que vivemos, e a importância de não contribuirmos com uma sociedade opressora. “O que mais precisamos agora é ajudar uns aos outros, um momento que já traz uma instabilidade mental não deve ser alimentado com gatilhos que só pioram a situação”, afirma. “Precisamos buscar referências, saber quem somos, nossos valores, nos amar como amamos os outros, e principalmente nos cuidarmos. Que nada atrapalhe os nossos sonhos, porque o corpo é um templo sagrado, mas ele não diz tudo sobre nós”, conclui Ju, que indica instagrams como o de Rita Carreira, Alexandrismos e Letícia Muniz para inspiração e conhecimento sobre autoestima.

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