Dia dos Pais: três histórias que retratam a ligação entre pais e filhos durante a pandemia
Em maio, ao comemorar o Dia das Mães em plena quarentena, a esperança era de que em agosto poderíamos celebrar o Dia dos Pais presencialmente. Março se foi e, num piscar de olhos, já estamos há seis dias do segundo domingo de agosto – o Dia dos Pais de 2020 ainda será comemorado com as restrições impostas pela pandemia no novo Coronavírus.
Apesar da pandemia, o comércio em torno da data está girando a todo vapor. De acordo com uma pesquisa da Méliuz, empresa de cashback, 69% dos brasileiros vão presentear os pais no dia 09 de agosto. Com relação ao valor dos presentes, a média não variou muito em relação ao ano passado – 36% dos respondentes da pesquisa pretendem gastar entre R$51 e R$100.
Além do comércio, o contato virtual também está em alta neste Dia dos Pais. Uma pesquisa realizada pela Social Miner, empresa de tecnologia, em parceria com a Opinion Box, aponta que 23,7% dos brasileiros devem fazer uma chamada de vídeo para celebrar a data. Ainda de acordo com a pesquisa, apenas 20,7% estão dispostos a visitar os pais no dia 09 de agosto.
Independente do presente ou da forma de comemoração, o que não muda no Dia dos Pais de 2020 é a forte ligação entre um pai e suas “crianças”. A TOPVIEW te convida a conhecer três histórias que representam esse elo. Confira:
O primeiro
Se tornar pai e viver o primeiro Dia dos Pais como pai durante uma pandemia mundial estava longe de ser o plano do auditor Reinaldo Mota. Conforme o coronavírus foi se intensificando no Brasil, Reinaldo notou que ele e a esposa percorreriam um caminho inusitado: “no começo, foi um pouco estranho. A partir de fevereiro, a gente começou a pensar ‘como vai ser?’. Nós contávamos com a ajuda dos nossos pais, como somos pai e mãe de primeira viagem”.
“A gente deixou de fazer algumas coisas. A gente ficou sem chá de bebê. Apesar disso, nossos amigos se juntaram e fizeram vaquinha. Compraram fraldas e depositaram até uma quantia em dinheiro. A gente não ficou sem as fraldas, mas a gente ficou sem a festinha. Ainda assim, não ficamos abandonados”, pontua o pai.
Após dois meses do nascimento da filha Celina, o próximo “como vai ser?” na lista da família de Reinaldo é o Dia dos Pais deste ano. O primeiro dele como pai. “É uma novidade bem grande ainda. Para o primeiro dia dos pais, eu estou tranquilo. Eu sei que a gente não vai conseguir comemorar do jeito que a gente gostaria, fazendo um churrasco com a família, mas tô bem feliz. Bem satisfeito. A gente pretende ficar em casa mesmo. Provavelmente, eu, minha esposa e a Celina vamos fazer um ‘almocinho’. Um almoço mais especial, para celebrar a primeira vez que a gente comemora essa data”.
O primeiro Dia dos Pais da relação entre Reinaldo e Celina pode ser uma incógnita em alguns sentidos, mas a relação dos dois é baseada na certeza da paixão: “Eu estou apaixonado por ela. A cada dia que passa, parece que a gente vai estreitando mais o laço. Conforme vão passando os dias, ela vai interagindo mais. Sorrisinho e tudo o mais. Essas coisas são bem cativantes, parece que eu fico mais apaixonado a cada dia”.
Distante das três
“Mais do que aniversário, a gente preza comemorar essa data com eles. Dia dos Pais e Dia das Mães”, afirma a jornalista Camila Dariva, caçula de três irmãs. Essa reunião acontece, em tempos normais, ou em Curitiba ou em Corbélia, no interior do Paraná, aponta a médica radiologista Ana Caroline Dariva Chula, a irmã mais velha. A irmã do meio, a empresária Patrícia Dariva, coloca: “é uma coisa que eu nunca esperava, ter que passar [o Dia dos Pais] longe. Para nós, era óbvio que passaríamos juntos”.
O pai e a mãe das três estão isolados desde março na ‘casa do lago’, um imóvel da família localizado também no interior do estado. “Lá não pega nem sinal”, afirma Camila. “Infelizmente, o Dia dos Pais vai cair em um momento em que o número de casos [de coronavírus] é muito alto”, afirma Ana Caroline, ressaltando o motivo da distância na data. Os planos de celebração dependem da localização do pai, por conta do sinal da casa do lago.
As três irmãs, que eram acostumadas a celebrar o Dia dos Pais junto dos pai, foram impedidas pela pandemia. Apesar da distância e do pesar que ela causa, permanecer em isolamento é uma prova de amor, segundo Ana Caroline: “a vontade que dá é pra jogar tudo para o alto e dizer ‘eu quero ver vocês’, mas é uma prova de amor a gente aguentar firme”.
Relação marcada na pele
Pedro Voigt, estudante de Publicidade e Propaganda, passa o Dia dos Pais longe do pai há muito tempo. Ele faz faculdade em Curitiba e a família dele mora em Três Coroas, no Rio Grande do Sul. Por conta da pandemia, o estudante voltou para casa e está passando a quarentena com os pais e os irmãos mais novos. Portanto, a celebração de Dia dos Pais será presencial. E especial.
“Eu acho que vai ter um significado até mais especial pra mim, mas principalmente para meu pai. Já fazia muito tempo que eu não passava nem o Dia dos Pais nem o aniversário dele em casa. Acho que é uma oportunidade muito legal de celebrar o paizão que ele é”, afirma Pedro.
Para o pai dele, o corretor de imóveis Edison Voigt, ter o filho em casa é importante: “eu queria ter todos meus filhos comigo. Tem alguns dias que é um pouco difícil, mas eu gosto de ter minha família por perto”.
A comemoração da data vai ser personalizada: “a minha ideia é servir sorvete de flocos para ele o dia inteiro, já que essa é simplesmente a paixão material da vida dele. É uma coisa engraçada, mas que ele gosta muito”, afirma Pedro. A homenagem para Edison, porém, veio antes do Dia dos Pais.
“Eu e meu irmão mais velho fizemos uma tatuagem pra ele. Tatuamos um tiranossauro rex. O apelido do meu pai é rex aqui em casa. Ele é um cara bem controlado com dinheiro e daí, quando eu era pequeno e eu ia pedir grana pra ele, ele me olhava com uma cara engraçada, não brava. Eu falava ‘Nossa, pai, você parece um tiranossauro rex’. Ele não tem tatuagem e não gosta muito, mas ficou felizão”, conta o estudante.
Sobre a data, Pedro finaliza: “acho que vai ser muito especial porque não tá fácil pra ninguém e para meu pai não é diferente. Ele que cuida das finanças aqui de casa e ele tá preocupado. É um momento muito legal pra gente estar próximo. Se estivesse longe, seria horrível pra mim. Acho que vai ser muito legal”.