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Artigo: laços fortalecidos e permanentes entre pais e filhos

Confira o texto escrito por Bruno Souza Soares, psicólogo escolar do Colégio Positivo

Crianças e adolescentes passam por vários momentos críticos ao longo do seu desenvolvimento, muitos deles pertinentes à sua idade. A forma como reagem a tais experiências e superam esses momentos depende muito do apoio que recebem. O principal esteio de um indivíduo em formação será sempre seus pais. É muito importante que, em momentos de dificuldade, os filhos recorram aos pais e tenham o suporte necessário para enfrentarem seus problemas. Mas como exatamente os pais podem construir uma relação de cumplicidade, a fim de manter um canal de diálogo aberto e fortalecer os laços de confiança entre pais e filhos?

Mostrar aos filhos que essa cumplicidade existe e que eles podem contar com seus pais para o que for necessário requer olhar atento e disponibilidade. Esse olhar atento e disponibilidade se dão com uma comunicação verbal e explícita no dia a dia. Dizer ao filho que o ama e que ele pode contar sempre com seus pais, independentemente do que aconteça, tem um poder enorme de mostrar que ele tem quem o ajude e o proteja. Fica claro para a criança ou adolescente que ele pode confiar e recorrer aos pais, sejam quais forem os problemas. Esse tipo de demonstração pode acontecer na hora do boa noite, em momentos de despedida, como na porta da escola, ou até no meio do dia, espontaneamente, sem nenhuma motivação aparente.

Ninguém gosta de se sentir julgado. Com crianças e adolescentes vale a mesma regra. Em situações nas quais eles não se comportaram como o esperado, como uma briga com colegas, é importante criar um ambiente não aversivo e que propicie que a criança ou o adolescente conte para os pais o que aconteceu. Para atingir tal objetivo, a conversa pode ser iniciada com o seguinte exemplo: não estou aqui para brigar ou julgar você. Quero ouvi-lo para compreender e te ajudar a resolver isso. Dessa maneira, cria-se um ambiente amistoso que estimula os filhos a falarem sobre o ocorrido de maneira aberta e franca. Na sequência, pais devem aproveitar o momento para orientar sobre o que é esperado do filho em momentos semelhantes e quais as consequências provenientes dos comportamentos esperados.

Comparações entre colegas também são comportamentos típicos nessa idade – principalmente entre crianças na faixa etária dos 10 anos – e podem afetar negativamente a autoconfiança de uma criança ou adolescente. É bastante comum que seu filho, em algum momento, se compare com seus pares e acabe perguntando para os pais por que o colega consegue fazer algo e ele não. Em situações assim, é preciso fortalecê-lo de que, independentemente do que o colega consegue fazer e a criança/adolescente em questão não consegue, cada um tem seu valor, suas facilidades, dificuldades e que isso é um processo natural da vida. Deve-se dizer claramente que isso não significa que ele seja burro ou incapaz.

Episódios de raiva e o aparecimento de sentimentos indesejados como este também são muito comuns nessa fase da vida. A melhor forma de lidar com situações desse tipo é deixando claro que o pai ou a mãe entendem o fato de ele estar bravo, sentindo raiva, frustrado ou experimentou qualquer outro sentimento semelhante, e que está tudo bem ele se sentir assim. Com isso, o adulto não minimiza os sentimentos da criança ou adolescente
e o ensina a nomeá-los de forma indireta. Mas também é preciso acrescentar que não se pode resolver os problemas de cabeça quente ou fazendo uso de violência. De forma complementar, deve-se dar alternativas assertivas de como lidar com a raiva e sentimentos afins em ocasiões semelhantes.

É muito importante sempre acolher primeiro e orientar depois, deixar claro que o canal do diálogo sempre estará aberto e que, se necessário, apontamentos para melhorias também serão feitos. Dessa forma, os pais criam um ambiente favorável para que seus filhos exponham seus problemas a eles, as primeiras pessoas que devem ser procuradas nos momentos críticos de suas vidas.

*Escrito por Bruno Souza Soares, psicólogo escolar do Colégio Positivo.

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