Faça certo que dá certo
Cleuza Canan tinha 21 anos quando viu de perto como pode ser profunda a dor de um dependente químico. Naquele hoje longínquo ano de 1978, a jovem psicóloga já era casada, mãe de duas filhas, e tinha uma carreira sólida em um grande banco. Foi lá que encontrou sua verdadeira vocação, trazida por um funcionário da empresa que sofria com o alcoolismo. Prestes a perder o emprego, ele chegou a ela porque vinha causando uma série de problemas com os colegas de trabalho.
“Naquela época, não se falava muito de outras drogas. Os casos de dependência química mais frequentes envolviam o uso indiscriminado de álcool, principalmente entre pessoas a partir dos 35 ou 40 anos”, relembra a especialista. Hoje à frente de sua própria clínica de reabilitação, Cleuza guarda com carinho e pesar aquela primeira experiência. O paciente passou por inúmeras internações, mas sempre sofria recaídas depois de deixar as instituições. Junto com ele, sofria a família: a esposa e os três filhos, que não sabiam como lidar com a situação e enxergaram na psicóloga uma esperança de recuperar uma pessoa tão importante para suas vidas.
Foi assim, trabalhando com aquele bancário jovem e com muitos anos de vida pela frente, que ela desenvolveu um programa de prevenção ao consumo de álcool. Usando grupos de apoio, atendimentos individuais e orientações para as equipes, inclusive de chefia, o programa rapidamente se tornou uma referência não apenas dentro da empresa como, também, para outros bancos. E, embora aquele primeiro paciente nunca tenha alcançado a recuperação, foi a perda daquela vida que inspirou Cleuza a buscar soluções cada vez mais aprofundadas para o problema da dependência química. “A dor daquele homem me marcou muito. Mesmo sendo jovem, eu conseguia sentir o grande dilema que se desenrolava dentro dele, sem conseguir se libertar do problema que lhe roubava a saúde, a família e os amigos”, conta.
Páginas de esperança
O uso abusivo de álcool é responsável por mais de 3 milhões de mortes todos os anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O hábito também é a causa de 5% de todas as doenças, a nível mundial. A OMS afirma, ainda, que 6% dos brasileiros sofrem com algum tipo de dependência química. Se considerado o total de habitantes do país, esse número totaliza assustadores 12,4 milhões de pessoas.
Nesse cenário, a atuação de profissionais como Cleuza é fundamental. Ao longo dos últimos 43 anos ela assegura já ter tratado mais de 20 mil pacientes, primeiro no banco, depois em uma sala alugada no consultório de outra profissional, depois em seu próprio consultório e, por fim, na Clínica Cleuza Canan. Agora, toda essa experiência acumulada começa a se tornar um guia para outros profissionais da área, pacientes e seus familiares, por meio do livro Faça certo que dá certo, escrito por ela. É apenas o primeiro de quatro volumes, cada um focado em um dos agentes da recuperação de dependentes.
“Os tratamentos de dependência química costumavam ser muito focados nas drogas, mas eu percebi que era preciso inverter essa lógica e falar da pessoa que usa droga. Meu livro é uma forma de levar essa linha de trabalho ainda mais longe e ajudar mesmo aqueles que não passam pelo meu consultório ou pela minha clínica”, explica a autora. De certa forma, o livro é, também, uma homenagem. Afinal, mesmo depois de quatro décadas contribuindo para a recuperação de tantas pessoas, aquela jovem psicóloga de cabelos escuros que trabalhava em um banco e teve seu caminho cruzado com o de um homem em sofrimento continua fazendo parte de quem Cleuza se tornou. “Cada paciente que eu atendo é um pouco do Francisco.”
CLÍNICA CLEUZA CANAN
Tel.: (41) 3099-3507
www.cleuzacanan.com.br
@clinicacleuzacanan
*Conteúdo originalmente publicado na edição #252 da revista TOPVIEW.
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