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De volta ao bom e velho centro

Com diversos novos empreendimentos residenciais e comerciais, a região central da cidade volta a chamar a atenção pela facilidade para se locomover, pela ampla rede de serviços e pelo novo perfil de morador

Se há alguns anos você perguntasse à Sabrina Iglesias se ela algum dia se imaginaria morando na região central de Curitiba, ela, que já tinha vivido em bairros como o Batel e o Cabral, provavelmente responderia que não. No entanto, há seis meses, o Centro se tornou casa e trabalho de Sabrina, quando ela se mudou com o marido e os filhos para o edifício HUB Home, localizado na rua Amintas de Barros, entre o Teatro Guaíra e a Reitoria. No mesmo local, Sabrina já vinha atuando como diretora comercial da Galeria Guimarães & Cia. desde a entrega do prédio, em dezembro de 2015. “Eu nunca tinha pensado em morar no Centro, sempre procurava uma rua calma e arborizada em bairro. Mas meus filhos estão com uma idade em que não faz sentido morar em uma casa longe, porque são adolescentes, entram e saem o tempo todo. Aqui eles saem a pé ou pegam Uber para qualquer lugar e eu também estou perto de todos os lugares que frequentamos. Tenho ido muito a pé a eles e usado menos o carro”, conta ela. O que Sabrina diz é resumido em dois conceitos pelo diretor de incorporações do Grupo Thá, Marcelo Thá: mobilidade e ampla rede de serviços. Para ele, estar próximo daquilo de que se precisa e locomover-se com facilidade estão ligados à ideia de ter qualidade de vida, que já esteve quase que exclusivamente atrelada ao morar em casas amplas em bairros silenciosos e, hoje, também pode significar estar em espaços menores, mais inteligentes e bem localizados. “Quem é que não gosta de poder ter, ao lado de casa, farmácia, hospital, universidade, loja de conveniência, supermercado, barzinho? E quantas horas por dia uma pessoa que mora no bairro perde no trânsito para ir ao trabalho, sendo que ela poderia usar esse tempo para ficar com a família, curtir, ir ao cinema?”, questiona Thá.

NOVOS MORADORES

Foi observando esse potencial – e seguindo uma movimentação do poder público, de comerciantes e dos próprios cidadãos – que, há alguns anos, as construtoras começaram a voltar suas atenções para a região, anunciando vários lançamentos, como All You Need, Central Station, Centro Cívico Residence e Corporate, Green Center Residence e Office, HUB Home e Business, Living Smart, 7th Avenue Residence e Offices e Residencial New City (muitos já finalizados). Embora cada empreendimento tenha suas particularidades, a maioria deles oferece studios ou unidades compactas, para atender às necessidades do público mais presente hoje na região: o de jovens pré-universitários e universitários. “São jovens, solteiros, separados ou recém-casados, que precisam dessa infraestrutura, porque estudam, trabalham e precisam resolver as coisas ali no entorno”, define Thá. Ainda assim, conforme Sabrina, é possível identificar uma grande diversidade de pessoas entre os novos moradores da região. “Tem muita gente por ali e gente muito interessante! Tem casais mais velhos, estudantes, médicos, profissionais liberais que moram sozinhos, pessoas que trabalham em órgãos públicos”, enumera. Apesar de a presença ser vista como positiva, quem decidir se mudar para a região deve estar preparado para dividi-la com aqueles que já a ocupavam antes. “O perigo dessa movimentação seria provocar a gentrificação, a expulsão das pessoas que originalmente habitavam o local. É importante que haja diversidade e que as pessoas aprendam a conviver, pois isso diminui a desigualdade e pode promover a redução da violência e o aumento da tolerância”, explica a professora de arquitetura e urbanismo da UTFPR Simone Polli.

 

*Matéria originalmente publicada por Vivian Faria na edição 210 da revista TOPVIEW

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