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KIDS: Como trabalhar o emocional das crianças por meio dos desenhos animados

Situações tristes em desenhos animados possibilitam às crianças melhor compreensão e organização de afetos

Estávamos em família, com pipocas a postos, sentados no cinema para ver Moana. Eu, na maior empolgação porque minha filha mais nova, Amanda, (na época com menos de 2 anos) estava comportada assistindo ao desenho. Até que… a avó da Moana morreu. Pra quê???, pensei eu! Foi o que bastou para o David, com 4 anos, levantar da poltrona e sair com o pai do cinema. Atrás dele foi a Amanda e eu fiquei sem saber o final desse mar de aventuras.

Não sei se já aconteceu com vocês, mas mesmo sendo de classificação livre, tem alguns desenhos que meu filho simplesmente não quer ver. Cá entre nós, os roteiros, às vezes, não colaboram com nossa vida de mãe, né?! O comentarista de cinema Marden Machado lembra alguns exemplos: a morte da mãe do Bambi; o menino Mogli abandonado na selva e criado por lobos; a tentativa de assassinato da Branca de Neve; os maus tratos da madrasta contra a Cinderela; o Nemo que se perde do pai… “Muitos dos desenhos animados têm por inspiração os contos de fadas, que costumam lidar com questões tristes e pesadas. Apesar de terminarem, na maioria das vezes, com um final feliz, a trajetória até lá nem sempre é fácil”, avalia o crítico.

A psicóloga Maria Marta Ferreira explica que a linguagem lúdica dos desenhos toca o nosso primitivo, o afeto. “Não importa o canto do planeta: um choro, a competição, o abandono, todos os sentimentos que constroem nossa vida emocional estão muito favorecidos no desenho. Além disso, com o avanço da tecnologia, as crianças identificam nos personagens que são animais também as condições humanas.”

E, apesar de trazer para o universo infantil questões relativas à morte e a rejeições como de madrastas, por exemplo, é importante mostrar que a vida não é perfeita e nem feita só de finais felizes. “Assistindo ao desenho, a criança tem a chance de se identificar e de compreender um pouco o que acontece em sua vida, organizando esses afetos. É uma excelente oportunidade para os pais conversarem com os filhos sobre valores, vulnerabilidade e regras, criando conexões inclusive para sustentar diálogos mais complexos na adolescência”, complementa Maria Marta Ferreira.

A rejeição ou o choro em cenas mais tristes ou violentas demonstra essa sensibilidade da criança, o solidarizar-se com a dor do outro. “Esses recortes da vida por meio de experiências lúdicas são importantes para a construção do imaginário, transbordando para a vida real”, afirma a psicóloga. 

Para Marden, crianças muito novas, normalmente, não compreendem o contexto e, geralmente, se assustam com as cenas mais fortes. “Porém, essas mesmas crianças terminam revendo o filme tempos depois e superam aquele medo inicial”, conclui. 

Dica da Semana

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Sobre a autora

Eu sou a Danielle Sommer, jornalista, autora de livros infantis e mãe do David, 6 anos, e da Amanda, 4 anos. Aqui vamos conversar um pouquinho sobre esse universo corrido e apaixonante que entramos quando somos promovidos a mães e pais! Ah! O conteúdo é liberado também para avós, tios, dindos e quem mais quiser trocar dicas conosco. Aqui você vai ler roteiros, desabafos e entrevistas. Quer falar comigo? danisommer@gmail.com. Aproveite para curtir no Facebook e no Instagram @mamaeeuquerocuritiba.

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