Conheça minha história
No ano passado, após um ano de pandemia, fui realizar meus exames preventivos anuais – os quais não deixei de fazer durante esse período de tanta turbulência. E, mesmo assim, fui tomada de uma grande surpresa: um dos exames apontou uma alteração no útero. Após uma reconsulta, foi realizada uma biópsia para ver se a alteração identificada era maligna ou benigna. Aqueles dias
foram de grande angústia para mim e minha família, pois o exame demorou muito. Assim, passaram-se 15 dias até eu ter a resposta em mãos. A notícia foi “diagnóstico de câncer de útero em estágio inicial“.
Sou uma pessoa positiva e sempre acredito que tudo vai dar certo, então me agarrei na ação de alertar as pessoas para me distrair do medo que estava me assombrando, mesmo confiando muito nos médicos que estavam me acompanhando. A cirurgia foi marcada. A indicação foi uma histerectomia total, uma salpingectomia bilateral e uma ooforectomia. No fim, todos os meus órgãos reprodutores, como útero, trompas e ovários foram retirados.
Cirurgias desse porte têm consequências, principalmente hormonais. Meu pós-operatório foi difícil, tive algumas intercorrências. Hoje, se me perguntarem se faria uma cirurgia com histerectomia total novamente, aconselho a ter mais cautela, pois existem exames genéticos específicos para ver se temos propensão a desenvolver câncer no futuro ou, caso estejamos com a doença, ver se ela é de origem genética (hereditária) ou provocada pelo meio. Porém, em toda a minha jornada de paciente durante a vida, nunca fui perguntada se na minha família havia histórico de câncer ou se gostaria de ser encaminhada para um aconselhamento genético oncológico.
Com a evolução da medicina, temos exames genéticos acessíveis que podem ser usados tanto na medicina preventiva (para evitar um câncer) quanto em uma decisão cirúrgica. Atualmente, tenho o resultado do meu teste genético. E, sim, eu tenho histórico familiar significativo.
*Matéria originalmente publicada na edição #261 da revista TOPVIEW.