SELF COMPORTAMENTO

Kenni Rogers Closs nas quebradas da literatura

O produtor cultural “viralizou” ao levar literatura a crianças e adolescentes da periferia de Curitiba

“Os livros me tiraram das ruas”, costumam dizer aqueles que foram criados em lugares pobres e violentos, mas cujas vidas foram transformadas após a descoberta da literatura. A história do ator e produtor cultural Kenni Rogers Closs, de 32 anos, é totalmente inversa: foram os livros que o levaram às ruas.

Criador da Mostra Literatura Paraná, Kenni chamou a atenção neste ano por promover encontros de escritores locais com crianças e adolescentes da periferia de Curitiba — a primeira edição do projeto, realizada entre agosto e setembro, atendeu Jardim Gabineto, Vila Icaraí, Butiatuvinha e Pilarzinho. Divulgados e registrados nas redes sociais, os eventos logo “viralizaram”, principalmente pela animação que as fotos e os vídeos transmitiam.

Para ele, o sucesso da mostra está justamente no clima de festa e diversão (além dos bate-papos com autores, o projeto inclui grafite, música, moda, teatro e humor). “Antes de começar, visitei todos os lugares para entender aquelas pessoas. É preciso ler o outro primeiro”, afirma o produtor, que acredita ter conquistado o público pelas vias do prazer e da identificação.

“Não adianta eu falar de escritores de São Paulo. Esses jovens precisam saber que existe gente muito boa produzindo literatura perto deles”, diz Kenni, que há 10 anos trocou Marechal Cândido Rondon pela capital do estado e, desde então, vem se envolvendo em uma série de trabalhos como gestor cultural, ator profissional, mediador de leitura e voluntário em ações sociais.

Realizada com recursos de um edital do município, a mostra já tem os locais definidos para a edição de 2018: Caximba, Parolin, Vila Torres e Passaúna. Até lá, Kenni vai se acostumando com a proporção que o projeto ganhou – já há quem queira vê-lo como candidato a vereador. “Quando vejo que não existe uma força para mudar a realidade, sinto vontade de entrar na política. Mas ainda me dá um frio na barriga só de pensar nisso”, confessa.

*Matéria escrita por Omar Godoy e publicada originalmente na edição 206 da revista TOPVIEW.

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