Influência que constrói

Uma matéria da BBC Brasil publicada em julho deste ano revelou que muitas crianças adquiriram sotaques de diversas regiões do país na pandemia ao assistirem a vídeos de youtubers baianos, mineiros, cariocas, paulistas e catarinenses. Em Portugal, manchetes de jornais locais citaram que jovens estão “falando como brasileiros” após consumirem um grande número de conteúdos do brasileiro e influenciador infantil Luccas Neto (seu canal do YouTube possui mais de 31 milhões de inscritos), que lotou uma casa de shows em Lisboa recentemente.

Não vamos entrar no mérito de discutir se isso é positivo ou negativo, afinal, cada pai sabe a forma que deseja filtrar os conteúdos que a criança consome. Gostaríamos de, com esses exemplos, mostrar o poder que a influência exerce sobre as crianças.

Sabemos dos muitos efeitos negativos que a influência pode exercer nos pequenos: o uso do celular na mesa de jantar, os anúncios incessantes do YouTube e certos padrões de beleza e estilo de vida inatingíveis propagados por influenciadores no Instagram. Mas essa moeda tem – e deve ter – dois lados. E acreditamos que uma boa influência pode fazer a diferença na educação e no desenvolvimento infantil.

Para um crescimento pleno, livre de violência e preconceito, crianças precisam aprender quais devem ser suas influências desde cedo, sem deixar de lado o contato com realidades plurais e inclusivas. E é aí que entram os professores, os pais, os os familiares e as boas companhias.

As pessoas próximas das crianças devem atuar como role models, ou seja, modelos a serem seguidos, fontes de inspiração e um porto seguro – não colocando um filtro na realidade, mas, sim, uma lente de aumento. Afinal, umas das competências socioemocionais a serem desenvolvidas nas crianças e jovens é justamente o pensamento crítico, que poderá ajudar no discernimento de informações disseminadas na internet e nas redes sociais.

Antes da criança ser fã de algum influenciador digital, ela precisa ter esses pilares de confiança, respeito e capacidade de questionar bem aguçados. Lembre: os primeiros influenciadores na vida do seu filho têm que ser pessoas palpáveis e conhecidas.

Para os pais: 3 influenciadores que são referência em educação

BETO BIGATTI

Autor do livro Relatos Sinceros, Beto Bigatti é pai de dois meninos e autor do blog Pai Mala. Desde 2016, ele publica textos e fala sobre o papel masculino na criação dos filhos e educação familiar.

MARCOS MEIER

Marcos é psicólogo, professor de Matemática, escritor e mestre em educação. Ele aborda, principalmente, dicas para pais e educação inclusiva. Por sua contribuição à cidade, recebeu o título de cidadão honorário de Curitiba em 2012.

MARCOS PIANGERS

Pai de duas meninas, Anita e Aurora, Marcos é autor do livro O Papai é Pop e soma mais de 1 milhão de seguidores no Instagram.

*Matéria originalmente publicada na edição #256 da revista TOPVIEW.