SELF COMPORTAMENTO

Bons fluidos porta afora: os benefícios do Feng Shui aplicado em áreas externas

A milenar técnica do Feng Shui também pode ser usada no jardim, aumentando a área da casa que recebe boas vibrações

A maioria das pessoas que conhece o Feng Shui, a técnica chinesa que traz harmonização, saúde, bem-estar e equilíbrio, está acostumada a aplicar o conceito dentro de casa. No entanto, ele também pode ser utilizado nas áreas externas, ampliando os benefícios para os moradores de uma residência. “Utilizamos a técnica para harmonizar todo o entorno, protegendo e trazendo mais felicidade a quem vive ou compartilha o ambiente”, explica Claudia Canales, paisagista e designer de interiores.

Para entender os benefícios do Feng Shui a um espaço, basta compará-lo com o que a acupuntura pode fazer em uma pessoa. “Da mesma forma que o acupunturista diagnostica bloqueios na circulação de energia do paciente e aplica agulhas em uma parte do corpo para curar outras, o consultor de Feng Shui detecta influências visíveis e invisíveis em um ambiente e recomenda curas em uma área particular”, explica a arquiteta Patrícia Sperancetta, que afirma que o processo é capaz de alterar as características de circulação do chi’i (a energia que permeia o planeta) em todo o local.

As “curas” podem ser conseguidas ao se estimular as características do espaço que são benéficas para as pessoas que lá habitam. No caso de um jardim, isso pode ser feito por meio de alterações paisagísticas e até do posicionamento dos objetos presentes.

Mapa de energia

Cada avaliação de Feng Shui é única e leva em conta as influências magnéticas do lugar, da edificação e de seus frequentadores. Patrícia explica que o primeiro objetivo da técnica é guardar e preservar as boas influências disponíveis garantindo que permaneçam e se distribuam suavemente pelo espaço. O segundo é reduzir os efeitos negativos das influências nocivas presentes na construção ou em seu entorno. E o terceiro ponto é implantar as “curas”. “Se o Feng Shui foi aplicado já na execução do projeto, os pontos a serem corrigidos depois são menores”, indica a arquiteta.

Para qualquer harmonização, o principal instrumento utilizado é o baguá, um polígono de oito lados (veja a ilustração na próxima página). Cada lado – ou melhor, cada guá – corresponde a um setor da nossa vida, como trabalho e relacionamento. O baguá indica também os elementos – água, fogo, terra, metal e madeira – que podem equilibrar os espaços, e quais as plantas ou flores ideais para promover a harmonização do jardim.

Essa forma de aplicação do Feng Shui vem da corrente Chapéu Preto do Budismo Tântrico Tibetano e foi trazida para o Ocidente nos anos 60, pelo monge Thomas Lin Yun. Trata-se de uma vertente não submetida ao Dalai Lama e, segundo a paisagista paulistana Katia Rodrigues Almeida Secches, não se trata de uma simplificação do método usado pelos orientais: “Foi usada uma lente diferente para fazer a leitura para que as pessoas percebessem as energias sutis dos espaços”, explica.

Dicas práticas

A pedagoga Angela Arcangelo já lia sobre Feng Shui desde a adolescência e foi aplicando os conceitos no dia a dia, mas somente dentro de casa. Quando ampliou essa prática para o jardim, ficou muito feliz com o resultado. “O conjunto trouxe muita leveza ao ambiente externo e traz o bom para dentro”, explica. E para que você possa começar a aplicar o Feng Shui no seu jardim, há ações simples e fáceis que podem ser feitas:

• A primeira coisa a fazer para melhorar a energia de um jardim é limpá-lo e organizá-lo. Retire o mato, entulhos, vasos quebrados, plantas mortas, galhos secos e buracos. Faça isso rotineiramente, deixando o espaço sempre em ordem.

• Aposte em plantinhas floridas e pequenas e também nas espécies maiores em vasos ou no chão, para dar vida ao local.

• Pedras são recomendadas, mas se elas servirem de passagem é preciso limpá-las para não se tornarem escorregadias demais. Um jardim com pessoas levando tombo o tempo todo não tem boas vibrações!

• Água é sempre uma boa opção: pode ser um laguinho ou uma fonte, e até mesmo uma piscina. Dê preferência para instalações que permitam ouvir o barulho de água corrente (veja a seguir qual é o melhor local para colocar o elemento).

• Se for preciso fazer um espaço de lazer no jardim, prefira os pisos de madeira, que trazem aconchego ao ambiente – e ainda trabalham com um dos elementos do Feng Shui.

JEITO CERTO

Veja quais são as plantas e melhores formas para os setores do baguá:

Trabalho e carreira: nesse setor, use o manjericão e o tomilho, que protegem contra a inveja; use também copo-de-leite, filodendro e brinco-de-princesa. As formas devem ser preferencialmente planas e onduladas.

Amigos e viagens: tenha aqui ervas de proteção (arruda, comigo-ninguém-pode e guiné), camélia, jasmim e angélica. Plantas com flores brancas estimulam as parcerias. As peças devem ser semicirculares ou circulares.

Criatividade e filhos: invista em margarida, begônia, cravo e todas as flores coloridas. As melhores formas são semicirculares ou circulares.

Relacionamentos: aposte em rosa, hibisco, orquídea, malva e árvore-da-felicidade. E o ideal é usar peças quadradas nesse setor.

Sucesso e fama: use bromélia, dracena, flores vermelhas, strelitza, espada-de-santa-bárbara, ráfia e filodendro vermelho. As formas devem ser piramidais, triangulares ou pontiagudas.

Prosperidade e abundância: trabalhe com girassol, dinheiro-em-penca, lírio amarelo e bambu e use formas cilíndricas ou retangulares.

Família e saúde: este setor combina com bambu, ráfia e ficus. E as melhores formas são cilíndricas ou retangulares.

Espiritualidade: invista em plantas como hortênsia, violeta, íris e alecrim, assim como em peças quadradas.

COMO APLICAR O BAGUÁ

O desenho deve ser sempre colocado no centro da planta do terreno e a área do trabalho deve estar posicionada na entrada principal do local. Abaixo, veja como melhorar o fluxo de energia no jardim

*Matéria originalmente escrita por Daniélle Carazzai e publicada na edição 157 da revista TOPVIEW.

Deixe um comentário