SELF COMPORTAMENTO

Coluna Fernanda Richa, junho de 2018

Convivência depois dos 60!

Estamos vivendo mais. A tecnologia e o avanço da medicina têm aumentado nossa expectativa de vida. Em 2010, o número de idosos era de 21 milhões, o que correspondia a 11% da população mundial. Em 2050, esse número passará para 65 milhões de pessoas, 30% da população. Será um nicho importante para o mercado de consumo. Mas, por trás dessa grande euforia, existem preocupações. Com 80 anos, por exemplo, é possível ser independente financeiramente, mas pode-se ficar em situação de risco pela falta de cuidados ou da convivência familiar. Uma das questões levantadas por Ana Fraiman, mestre em Psicologia Social, é o surgimento, nas últimas décadas, de uma geração de pais sem filhos presentes, por força da cultura de independência e autonomia levada ao extremo. Isso impacta negativamente no modo de vida de toda a família. “São pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira. Pais que cedem seus créditos consignados para fi lhos contraírem dívidas em seus honrados nomes, que lhes antecipam herança.

Secretarias reúnem 800 pessoas idosas em atividades de lazer – Foto: Aliocha Maurício/SEDS

Mas que não têm assento à vida familiar dos mais jovens, seus próprios fi lhos e netos, em razão – talvez, não diretamente de seu desinteresse nem de sua falta de tempo – da crença de que seus pais se bastam”, afirma Fraiman. Iniciativas socioassistenciais que atendam pessoas idosas tendem a crescer nos próximos anos, tanto por iniciativa da sociedade civil quanto do poder público. Vejamos alguns casos: Alemanha – No país, cresceu a demanda por apartamentos baratos, acessíveis e em comunidades ativas, em que os moradores podem fi car junto dos amigos. A nova maneira criativa de morar evita que pessoas idosas fi quem sozinhas ou se sentindo abandonadas em casas de repouso. A maioria dos apartamentos é pequena e adaptada às necessidades sêniores, com suportes e cadeiras que evitam quedas, principalmente nos banheiros. Turquia – Em março de 2017, a Turquia apresentou uma alternativa fantástica para uma situação comum em famílias que vivem na pobreza. São avós que cuidam dos netos para os pais trabalharem: os bavós. Lá, um programa-piloto paga salário a avós que tenham menos de 65 anos e que sejam responsáveis por cuidar dos netos. O objetivo é fazer com que os pais continuem trabalhando e crescendo na carreira. Rússia – Uma oportunidade tanto para os estudantes quanto para idosos. Em Moscou, o projeto Lingualink of Generations coloca idosos para ensinar o idioma russo a estudantes estrangeiros, via Skype. A iniciativa promove a inclusão da pessoa idosa, que passa a compartilhar a sua cultura com os mais jovens. 

Holanda – Para estimular o bem-estar das pessoas idosas e uma sociedade mais inclusiva, o Instituto Humanitas, organização que ajuda famílias sem moradia e sem emprego, lançou um projeto inovador, que levou jovens universitários para viver no instituto, sem pagar aluguel. Em contrapartida, eles precisavam cuidar dos idosos: ir às compras, ler livros e sair para passear. Estados Unidos – Um asilo que também é creche, nos EUA, propõe convivência entre gerações. Em Seattle, cerca de 400 pessoas idosas recebem visitas diárias de mais de cem crianças. A proposta do Intergenerational Learning Center reúne a estrutura física que uma creche e uma casa de repouso possuem. As crianças aprendem a se relacionar com os mais velhos e a conviver com pessoas que possuem limitações físicas e as pessoas idosas recebem carinho e estímulos intelectuais e físicos. Áustria – Um programa semelhante ao da Turquia, mas para todos os níveis socioeconômicos, paga bônus para quem desempenha essa função na família. Além de melhorar a renda familiar, a ação proporciona a convivência e soluciona um dos grandes problemas contemporâneos: o abandono da pessoa idosa. 

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