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Coluna Fernanda Richa, setembro de 2018

Tudo sobre a campanha de enfrentamento das violências contra crianças e adolescentes: “Não Engula o Choro”

Não engula o choro

Contrariando a máxima que a maioria dos adultos já escutou na infância, o Paraná lançou uma campanha de enfrentamento das violências contra crianças e adolescentes: “Não Engula o Choro”. Um tema difícil de falar, mas, sem dúvidas, necessário. A grande maioria das peças publicitárias que trazem o tema para debate optam por chocar. Nós escolhemos o caminho da sutileza para poder conversar com toda a sociedade. A ação é promovida em parceria com o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescentes (Cedca), que determinou o uso do recurso do Fundo para Infância e Adolescência (FIA).

A opção por trazer o choro como um sinal tem respaldo técnico de profissionais que lidam diretamente com crianças. Psicólogos, pedagogos e pediatras reforçam esta manifestação como uma das principais na primeira infância, quando outra forma de comunicação verbal ainda não é possível. Mas esta não é a única forma com que os pequenos manifestam alguma violência.

Tipos de violência

As quatro principais formas de violência contra crianças e adolescentes são a negligência ou o abandono e violências física, psicológica ou moral e sexual. Levantamento das fichas de notificação pelos serviços de saúde, de 2010 a 2014, indicaram 35.479 casos. Desse total, 37,6% refere-se à negligência; 29,4%, à violência física; 17,9%, à psicológica; e 15,1%, à sexual. A negligência responde pela maioria das notificações para crianças até 12 anos e, a partir de então, até os 19 anos, a violência física predomina.

 

Sinais

Os sinais que indicam que a criança ou adolescente sofreu alguma violência variam de acordo com a idade e o tipo de agressão. Além do choro, outras reações são perceptíveis até o fim da adolescência.

Em qualquer idade, é preciso prestar atenção ao aparecimento, sem causa aparente, de irritabilidade constante, olhar indiferente e apatia, distúrbios do sono, dificuldade de socialização e tendência ao isolamento, aumento na incidência de doenças, especialmente de fundo alérgico, e frequentes afecções de pele.

Também é preciso ficar alerta a manifestações precoces de sexualidade, desconfiança extrema, autoflagelação, baixa autoestima, insegurança e extrema agressividade ou passividade.

O que fazer?

Em todos municípios deve existir o que chamamos de Rede de Proteção. Ela é formada por profissionais da saúde, educação, segurança, Cras (Centro de Referência de Assistência Social), Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), Conselho Tutelar e também pela sociedade. Quando um sinal de violência é percebido, é nosso dever denunciar, procurando um destes canais. O principal deles aqui, no Paraná, é o Disque Denúncia 181. Os atendentes encaminham as denúncias, de acordo com o caso e a urgência, para o Conselho Tutelar, a Polícia Militar ou outro órgão da rede de proteção. Por esse serviço, disponível em todo o estado, o denunciante tem sua identidade preservada.

*Matéria publicada originalmente na edição 215 da revista TOPVIEW. 

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