Sente dificuldade para meditar? Conheça o método de Koans!
Muita gente acha que a meditação é uma ferramenta pertencente a essa ou àquela escola, ou às vezes até a mais de uma. Na verdade, a meditação existe independentemente até de espiritualidade. Você encontra ensinamentos sobre ela no yoga, no reiki, pode ser vista também no Cristianismo, no Jainismo, e até em sua forma conhecida como meditação clínica, usada em tratamentos.
Todos esses caminhos demonstram que se trata de um fenômeno amplamente discutido, a respeito do qual se tem muito a falar, embora nada disso tire a sua característica simples e objetiva, um recurso que qualquer um de nós pode usar, das pessoas mais calmas até as mais agitadas. Em uma de suas muitas formas de ser praticada, existe o método que usa koans, um recurso que vale a pena testar se você procura começar a meditar de alguma forma.
Afinal, o que são os “koans”?
Oriundos do Budismo Zen, no Japão, os koans são pequenas afirmações ou perguntas. Também existem na forma de diálogos não muito extensos, geralmente representando uma conversa entre mestre e discípulo. Desde o seu aparecimento, eles ficaram muito populares, a ponto de serem praticados inclusive fora do Budismo Zen. Os que existem na forma de diálogos, e são mais antigos, levam a compreensões por meio de simples conversas, algumas vezes até metafóricas, onde a mente pode ser comparada a uma xícara de chá, por exemplo. E, assim, eles levam o meditador a tentar entender melhor a natureza da mente, os hábitos, e a encontrar o que pode levar a uma verdadeira transformação interna!
Como podemos usá-los?
Há pessoas que meditam prestando atenção na respiração, outras nos pensamentos. Também existe a possibilidade de meditar com mandalas ou repetindo mantras. Com os koans não é muito diferente. O praticante coloca a sua atenção mentalmente no koan de sua escolha, suponhamos que seja um de afirmação, e toda a sua atenção recai sobre essa afirmação. Ou se for um de pergunta, o meditador tenta responder a essa pergunta, colocando toda a sua atenção nisso. Ou ainda compreender o ensinamento, se houver escolhido um koan que represente um diálogo. Você pode fazer isso sentado com alguma postura específica, ou apenas confortavelmente, bem como deitado. A postura depende muito se você segue alguma escola ou não. O fato é que usá-los diz respeito apenas ao objeto sobre o qual o praticante põe sua atenção.
Com funcionam?
Nossas mentes não estão em harmonia, elas são conflituosas. E conflito só pode gerar conflito. A expansão da consciência ou autoconhecimento, que é uma das consequências da meditação, leva a estabilizar nosso campo mental, onde os pensamentos criam variados tipos de desequilíbrios ao longo do dia.
Quando alguém medita, não está apenas entendendo o processo que é o pensar, bem como a natureza do nosso psicológico, também está entendendo o quanto a atenção é roubada o tempo todo, consumindo a nossa energia. Enquanto você volta toda a sua atenção para um ponto, um koan, a perturbação vai ficando de lado. Não é exatamente concentração, e sim perceber esses processos mentais, visualizar aos poucos o que acontece dentro da mente, o lugar do Ego, da consciência, as suas relações… Há koans que são perguntas para as quais não há resposta possível como, por exemplo, “Quem sou eu?” ou “Como tirar o ganso de dentro de uma garrafa de vidro sem quebrá-la?”. É uma estratégia.
Enquanto a mente se debruça sobre um enigma assim, a sua consciência pode observá-la amplamente, pois a mente se reuniu sobre um ponto. Então você pode ver o Ego, pode ver o jogo mental em que estamos em nosso atual estado. Pode visualizar como nos relacionamos com os objetivos que escolhemos, ver o funcionamento da ansiedade, da obstinação, ver a energia se movendo… E mais, perceber que a consciência está acima da mente, pois não é o seu produto, algo que antes talvez você sequer imaginasse. Talvez antes elas estivessem tão misturadas que só agora uma pequena fresta vai surgindo, um espaço novo, e você consegue compreender melhor a si próprio, como pensa, como escolhe e se as suas escolhas são mesmo suas ou influências externas.
Há muitas formas de se meditar. A todo instante a vida provoca a nossa consciência. Despertar é o caminho de todos nós. No entanto, a Meditação é uma forma inteligente e até carinhosa de chegarmos a isso. Não espere os sofrimentos da vida fazerem esse trabalho. Os koans ajudam principalmente quando você tem uma mente extremamente curiosa; porém, esteja sempre aberto a novos caminhos. Acordar a consciência é voltar para casa, é onde encontramos a nós mesmos de verdade. A mente tem a sua beleza, faz parte de nós, não lute contra ela. Ao invés disso, liberte-a.