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De Peito Aberto para a vida

Exposição fotográfica retrata, com uma abordagem humanista, mulheres e homens que tiveram câncer de mama

De limusine rosa. É assim que Tania Gomez espera chegar à exposição “De Peito Aberto”, mostra com fotografias de mulheres e homens que enfrentaram os desafios do câncer de mama que ficará exposta entre 07 a 31 de outubro no Jockey Plaza Shopping, em Curitiba. 

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Com muito humor e simpatia, Gomez foi uma das mais de 350 pessoas fotografadas pelos idealizadores do projeto, a jornalista e escritora Vera Golik e o fotógrafo e sociólogo Hugo Lenzi. Na capital paranaense, a mostra traz algumas de suas fotografias, 55 ao todo, contando com mulheres e homens de todo o Brasil, inclusive Curitiba. 

Tania, apesar de não ter nascido em Curitiba, mora no município há 24 anos. E foi na capital paranaense, durante um exame de rotina, que recebeu o diagnóstico que estava com câncer de mama. “Meu estágio era extremamente inicial, não foi nem no toque que eu descobri, foi no exame de mamografia de rotina. Passei pela cirurgia, depois quimio e radiografia, sem contar a medicação por 10 anos. Hoje estou curada e sou uma mulher feliz”, afirma Gomez. 

Tania Gomez. Foto: Hugo Lenzi.

Apesar de positiva, Tania confessa que houveram momentos em que nem tudo foram flores. “Não foi fácil, claro que não. Há momentos em que você não vê luz no fim do túnel e a morte vem na cabeça. Dá a sensação que a vida terminou. Quando você recebe o diagnóstico, você se pergunta por que foi escolhida, por que aquilo está acontecendo”, revela. 

Em um estágio mais avançado do câncer, Gel Muzzillo, outra modelo da exposição, que já havia vivenciado o câncer com sua mãe e irmã, descobriu que tinha um nódulo no seio durante um exame de toque. Mas, focada em sua nova jornada como empreendedora, demorou quatro meses para ir ao médico investigar. “Como eu fui negligente e demorei para ir ao médico, tive um tratamento difícil. Normalmente ele é iniciado com a cirurgia. No meu caso, comecei com a quimio, para diminuir o nódulo, e depois fiz a cirurgia e radioterapia”, conta.  

Devido à gravidade, foi necessário retirar a mama esquerda de Gel. E, como passou pelo tratamento há pouco tempo, Muzzillo ainda não conseguiu realizar a reconstrução da mama, devido às instabilidades causadas pelo período pandêmico

Gel, assim como Tania, sempre encarou o momento difícil com muita positividade. “A minha história sempre foi de muito amor e carinho. Eu tenho um grupo de amigos que me mandavam um coração todos os dias. Um dia, uma marca parecendo um coração surgiu no meu peito. Impressionante”, conta. 

De Peito Aberto

A exposição “De Peito Aberto” foi a única mostra convidada e exposta na sede das Nações Unidas, em Nova York, durante o período da 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas e o Encontro Mundial de Alto Nível sobre Doenças Crônicas Não Transmissíveis

Ela nasceu em 2006, após os idealizadores terem experiência com o câncer em suas famílias. “Eu estava na frente do computador quando me ligaram falando que meu irmão estava com câncer. Duas semanas depois, descobrimos que minha mãe também estava. Eu fiquei sem chão”, diz Vera.

Passada a experiência com a doença, o casal resolveu trabalhar com um projeto que envolvesse empoderamento e que retratasse um tipo de câncer. Escolheram o câncer de mama e começaram a retratar, de forma humanista, histórias de pessoas que haviam passado por isso através de fotografias. 

Alessandra Sandoval. Foto: Hugo Lenzi.

A exposição é separada em quatro momentos: descoberta; processo; apoio; superação. Sobre o último momento, Vera destaca: “ A superação é como essas pessoas transformaram o veneno em remédio. Como elas encaram como uma oportunidade de crescimento. Essas mulheres deixaram um legado tão forte que esta força não se apaga de maneira alguma”, conclui a co-idealizadora da exposição. 

Para as duas modelos que participaram da mostra, as fotografias ajudam na representação para as pessoas que estão passando por este momento. “É preciso crer no tratamento e não encarar o câncer como o fim da vida. Sei que quando escutamos o diagnóstico parece que vem o atestado de morte, mas é preciso tirar este estigma e acreditar no tratamento. Isso aconteceu comigo, mas é necessário estar forte para superar. Essa exposição ajuda muito nisso”, conclui Gel. 

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