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As quatro lições de carreira que aprendi com meu pai

Ele me dava o tipo de conselho que nenhum pai deveria dar

Meu artigo deste mês é uma homenagem ao meu querido pai, Paulo Godoy, que se foi no dia 19/10, depois de mais de 10 anos de luta contra o câncer. Manteve-se criterioso, bem-humorado e consciente até o último minuto.

Meu pai foi engenheiro, empresário, empreendedor e outras coisas no meio empresarial que fugiriam ao tema desta coluna. Vou dar foco ao que aprendi e como me influenciou na vida profissional, pois acredito que possa inspirar e ajudar algumas pessoas em suas carreiras e negócios.

Meu pai no dia da formatura do curso de moagem de trigo em 1991 (Foto: acervo pessoal)

Ele me dava o tipo de conselho que nenhum pai deveria dar. Vou separar em 4 tópicos para que fique mais simples a reflexão de todos:

1.    A escolha de um caminho profissional é menos complicada do que parece
Aos 18 anos quando decidi como ele estudar para o vestibular de engenharia mecânica, me perguntou se eu estava louco. Disse que além de um curso difícil, eu acabaria trabalhando com negócios. Em 2006 depois de idas e vindas, me formei em administração de empresas pela PUC do Paraná.

2.    Especialização profissional (hard e soft skills) tem muito a ver com o que você não sabe
No final da faculdade, me sugeriu escolher um programa de trainee ou estágio de uma área que eu não tinha afinidade nenhuma para aprender tudo sobre essa área, pois naturalmente retornaria ao que eu tinha afinidade. Em 2005 entrei no programa de trainees de auditoria contábil da PwC, onde trabalhei por quase 6 anos e tive a experiência profissional mais completa da minha vida.

3.    Planejar e seguir uma carreira linear não é o melhor caminho
Aconselhou que se necessário fosse, eu parasse a faculdade para trabalhar algum tempo fora do Brasil. “Fazendo qualquer coisa. Vá ver que o mundo vai além do que você conhece.” Assim acabei parando no International College Program da Walt Disney World em 2002.

4.    Se você não tentar, não vai errar, mas também não vai acontecer nada
Uma das últimas loucuras dele foi topar criar comigo, em 2014, uma empresa de exportação de produtos orgânicos e de alto valor agregado ao Canadá. Depois de muitas horas, tentativas, erros, frustrações e amostras extraviadas nas alfândegas, em 2017 fomos a uma feira de alimentos em Toronto, onde conhecemos uma cervejaria de Manitoba. Voltamos lá em 2018 e, em breve, lançaremos uma bebida de erva-mate orgânica produzida no Canadá, em parceria com essa cervejaria.

Longe de um profissional perfeito e lógico, ele foi um transgressor, e quando todos achavam que ele tinha parado, vinha com uma ideia nova. Ninguém entendia nada e no final ele estava certo (ou fazia dar certo trabalhando sem parar).

Nesses tempos de grandes mudanças aceleradas pela crise do Covid-19, precisamos de mais cabeças como a do meu pai que, muitas vezes parecia maluco, mas que tinha coragem de pensar mais e de questionar o que parecia seguro, correto ou lógico, mas não era. Obrigado, pai!

Sobre o colunista

Diego Godoy é headhunter e sócio da Easy2Recruit – RecrutamentoFacil.com. Trabalhou em empresas multinacionais do segmento de serviços profissionais como PwC, Michael Page e Walt Disney Company. Também é fundador do Projeto Um Por Cento, reconhecido como iniciativa oficial pelo ACNUR e que trabalha na recolocação de refugiados no mercado de trabalho do Brasil.

O headhunter Diego Godoy (Foto: acervo pessoal)

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