Ainda dá tempo de se aceitar e ser feliz
Ah, o verão! Você já parou para pensar que a estação mais desejada por uns pode ser um verdadeiro terror para outros? Sol, praia e calor. O ambiente que nos faz expor nossos corpos como em nenhuma outra estação do ano. Aposto que você já viu inúmeras vezes o chamariz de academias, clínicas de cirurgia plástica e emagrecimento: “ainda dá tempo de preparar o seu corpo para o verão!” Mas a pergunta é: será que precisamos mesmo fazer isso?
O padrão de beleza faz com que homens e mulheres – mas principalmente elas – percam a autoestima em busca de um modelo perfeito. E essa necessidade de estar dentro de um padrão não é um problema da sociedade atual.
“O seu corpo pode ser magro, gordo, musculoso, alto, baixo… não importa! O que importa é se reconhecer nas imperfeições e ter orgulho de sua essência.”
Na Grécia Antiga, por exemplo, um homem de lábios carnudos e queixos pontudos sabia de duas coisas: que sua beleza era uma dádiva e que seu exterior escondia um interior ainda mais perfeito. Para os gregos, um corpo bonito era uma prova de uma mente brilhante. A historiadora britânica Bettany Hughes mostra em seus estudos que aqueles com tempo livre ficavam até oito horas na academia e que um cidadão médio da Grécia Antiga teria, sim, um abdômen “trincado”. Já para as mulheres, ser bonita era um sinal de problema. Nessa cultura, as mulheres eram perversas porque eram bonitas e eram bonitas porque eram perversas.
Na sociedade grega, a beleza sempre estava presente em competições. Os concursos de beleza julgavam homens e mulheres pela estética dos seus corpos. É assustador pensar que, milhares de anos depois, estamos aqui, discutindo novamente sobre a necessidade de não existir um padrão de beleza. E, sim, a liberdade para ser feliz. E como mudar um paradigma tão antigo? Diversas marcas e campanhas estão trazendo cada vez mais à tona o tema, mostrando em seus materiais publicitários mulheres e homens reais. Finalmente é possível comprar biquínis pela internet e encontrar uma modelo que se pareça de fato com você. Quem já pode viver essa experiência, sabe o quanto isso é libertador.
Por isso, a máxima do “ainda dá tempo de preparar o seu corpo para o verão” precisa ser substituída por “ainda dá tempo de se aceitar e ser feliz”. O seu corpo pode ser magro, gordo, musculoso, alto, baixo… não importa! O que importa é se reconhecer nas imperfeições e ter orgulho de sua essência.
*Crônica editorial originalmente publicada na edição #244 da revista TOPVIEW.