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A impecável experiência do luxo

Confira a crônica editorial publicada na edição 243 da revista

No auge dos meus 14 anos, assisti a um filme chamado Doce Lar. Em resumo, a história é uma comédia romântica – dessas bem previsíveis – que conta a história de uma jovem que vive em Nova York e é pedida em casamento por seu namorado. O problema é que a moça ainda é casada com um caipira que vive na sua cidade natal, que fica no Alabama. Para conseguir casar com o bonitão
da cidade grande, a moça viaja de volta à sua terra natal e reencontra as suas raízes e o ex. Mas o que isso tem a ver com luxo?

A cena do filme em que a personagem é pedida em casamento fez com que eu conseguisse materializar pela primeira vez o verdadeiro significado de luxo. Nela, a personagem é levada para um local secreto e, chegando lá, as luzes se acendem e ela se vê dentro de uma loja da Tiffany. Ou seja, tem uma loja inteira só para ela, com vitrines repletas de brilhantes. Ali, no meio daquele espaço mágico, o namorado a informa que ela pode escolher o anel que quiser para firmar o noivado. A personagem estava ganhando muito mais do que um produto de valor, do que uma marca em si. A personagem estava tendo, naquele momento, uma experiência única e luxuosa.

“Fato é que o verdadeiro luxo é ser impecável – e ser impecável não é nada fácil”.

Quando comparamos a quantidade de marcas e produtos que existem no mercado em geral, as marcas definidas como “luxuosas”
estão em uma pequena e seleta lista. Isso porque não é nada fácil ser ou se tornar uma marca de luxo. Em primeiro lugar, é necessário ter um posicionamento preciso, refinado e singular. Ter uma distribuição seletiva também é uma condição importantíssima, já que reforça a ideia de que algo valioso não se encontra em qualquer lugar. O serviço diferenciado, que
nada mais é do que um atendimento impecável e um ambiente único de compra, também faz parte da receita de sucesso de marcas luxuosas. E isso envolve muito treinamento, inclusive para se ter uma equipe altamente qualificada, pois o público que consome e paga por produtos luxuosos é extremamente exigente.

Fato é que o verdadeiro luxo é ser impecável – e ser impecável não é nada fácil. Por isso, apesar do luxo ser, sim, algo supérfluo,
que ultrapassa a necessidade, é um setor muito importante para a economia e até mesmo para o bem-estar. Afinal de contas, quem não sonha em ter um experiência luxuosa como as de cenas de filmes?

*Crônica editorial originalmente publicada na edição #243 da revista TOPVIEW.

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