A Covid-19 não é uma doença apenas respiratória; saiba as consequências neurológicas
Lá no começo da pandemia, quando não era tão comum celebridades sendo internadas com Covid-19, a morte de Rodrigo Rodrigues, 45 anos, jornalista esportivo, querido pelo público e pelos colegas, foi bastante impactante. Foi em julho de 2020. Ele contraiu a doença, teve o exame negativado e estava pronto para voltar a trabalhar no dia seguinte, quando precisou ser internado em caráter de urgência, e faleceu após uma semana. Mas, como?
Temos aprendido muito a cada dia sobre o novo coronavírus e a Covid- 19. Ela é uma doença predominantemente respiratória, mas os sistemas nervoso, circulatório, digestivo, imunológico e hematopoiético são gravemente afetados também. Rodrigues apresentou uma complicação neurológica chamada de trombose de seio venoso, que iniciou com dor de cabeça intensa e vômitos, evoluiu para hipertensão craniana e morte encefálica. Infelizmente, essa e outras complicações neurológicas não são incomuns.
Alguns sintomas neurológicos, apesar de não serem graves, causam muito desconforto aos pacientes: dificuldade em sentir cheiros e gostos, dores musculares, tonturas, vertigens e dores de cabeça. Outras consequências, como no caso de Rodrigues, podem ser muito sérias. As tromboses venosas e arteriais, meningites, encefalites, mielites são os problemas mais graves que podem ocorrer no sistema nervoso central. Mesmo quando os pacientes sobrevivem, podem ficar com sequelas. Já as neuralgias e neuropatias periféricas, como as síndromes de Miller-Fisher e de Guillain-Barré, podem deixar dores crônicas ou problemas motores. Tanto as neuropatias quanto as miopatias podem ser agravantes do quadro por dificultarem a recuperação da capacidade respiratória. Inflamações musculares, com grande destruição de fibras, podem levar à insuficiência renal, proporcionando um elevado risco de vida ao paciente.
Quando falo dessas complicações graves, algumas com nomes esquisitos, não tenho o intuito de apavorar o leitor. Os meios de imprensa divulgam todos os dias a gravidade da doença, a característica mais agressiva das novas cepas e o colapso do sistema de saúde, inclusive do privado. Portanto, acredito que todos já estamos assustados o suficiente. Ao conhecermos os problemas neurológicos, podemos ficar mais atentos aos sintomas que indicam que a doença não está somente restrita ao sistema respiratório ou digestivo. Nesses casos, muito provavelmente, a Covid-19 esteja evoluindo para um patamar mais grave. Se você está informado, e consegue transmitir seu quadro com clareza para o médico da emergência do hospital, maior é a chance de resolução rápida e melhor desfecho do problema.
Outra coisa mais importante. Melhor do que tratar rápido as complicações neurológicas da Covid-19 é não ficar doente! Só há dois meios para conseguirmos isso: vacinação e distanciamento social. Fique em casa!