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Zeina Latif: com números, ela traduz o mundo

Economista-chefe da XP Investimentos, ela é também um dos nomes mais respeitados e badalados na área econômica em todo o mundo

Doutora em economia pela Universidade de São Paulo (USP), Zeina Latif é o tipo de pessoa que vai muito além dos títulos que traz consigo. Economista-chefe da XP Investimentos, uma das maiores empresas do setor no Brasil, Zeina é também um dos nomes mais respeitados e badalados na área econômica em todo o mundo. Ela acumula passagens por grandes bancos internacionais, como Royal Bank of Scotland, ING, ABN Amro Bank e HSBC, além de ser colunista de O Estado de São Paulo. Em 2006, Zeina foi considerada pela Forbes como uma das mulheres mais influentes do Brasil, devido à sua atuação na área econômica.

Com ampla experiência no mercado financeiro, características como credibilidade e conhecimento de causa estão associadas ao seu nome. Mesmo com reconhecimento e respeito em diversos segmentos, Zeina afirma que o seu trabalho “não tem nenhum glamour” e que a sua prioridade é desempenhar bem suas funções. “Sou uma economista do mercado financeiro, em que as coisas são muito objetivas. A minha visão é a de ajudar o cliente a investir melhor, além de contribuir para aprimorar o debate econômico do país”, destaca.

“O que um economista não pode fazer é se omitir, porque o Brasil é um país com indicadores sociais preocupantes.”

Com essa perspectiva de “compromisso social”, é comum ouvi-la expressar seu posicionamento sobre assuntos polêmicos que interferem na pauta econômica brasileira. “O que um economista não pode fazer é se omitir, porque o Brasil é um país com indicadores sociais preocupantes. Eu procuro ser honesta nas minhas análises”, afirma, demonstrando que suas opiniões têm como objetivo assinalar as demandas mais urgentes no cenário político-econômico.

O avanço da reforma da Previdência Social, segundo ela, é a “espinha dorsal” do ajuste fiscal, algo que hoje é o alicerce para a retomada econômica brasileira. Em seguida, ela aponta como essenciais as reformas tributária e educacional.

Para ela, o economista “tem que usar sempre o raciocínio lógico, olhar os números, (…) as evidências estatísticas para fazer diagnósticos”. No entanto, admite que analisar um cenário econômico sujeito a inúmeras variáveis, como é o caso do Brasil, é resultado da maturidade profissional. “Nos últimos anos, ficou muito mais complexo construir cenários econômicos. Quando comecei minha carreira, a preocupação com o cenário político era bem menor”, relata.

Essas variáveis exigem uma dose a mais de experiência quando o cliente é um investidor estrangeiro. De acordo com Zeina, apesar das dificuldades de se fazer uma projeção do cenário econômico brasileiro, é possível apresentar as perspectivas e delimitar os riscos. “Procuro mostrar ao investidor que o país tirou algumas lições da crise pela qual passou e que hoje o debate econômico é muito mais maduro. O fato de o dinheiro ter acabado força um maior pragmatismo para que os políticos façam as reformas necessárias. Esse tipo de coisa é possível analisar”, exemplifica.

*Matéria escrita por Danielle Blaskievicz e publicada originalmente na edição 221 da revista TOPVIEW.

 

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