Você tem sede de quê? Saiba qual é a sede de Marcus Yabe!
Nós temos uma sede que até então não sabíamos ou sentíamos. Sede de divulgar nomes, trabalhos, trajetórias e lutas de pessoas que muitas vezes não recebem a divulgação necessária. Por que isso acontece?
Nós, como sociedade, muitas vezes, sentimos que o mal está prevalecendo, seja pela nossa forte percepção/vivência da violência, seja pelos casos de corrupção que assolam nosso país ou por conta de outras barbáries que nos passam pela janela.
Mas, durante as plenárias para votação deste prêmio, eu pude ter a minha fé na bondade e na dignidade do que é humano renovada. Não foram poucas as vezes que eu fiquei emocionado com as histórias das trajetórias dos nossos finalistas. Cada jurado defendeu as suas indicações com tamanha sensibilidade e paixão que muitas vezes os olhos se encheram de lágrimas.
Nós, neste momento, temos que valorizar o que é bom, o que é digno, o que é verdadeiro e o que contribui para uma sociedade em que todos terão a possibilidade de ir atrás dos seus sonhos de forma livre, em um Estado de bem-estar social e democrático.
Passamos a sentir uma sede – que não se explica – de mostrar que, apesar de todos os pesares, tem muita gente, uma quantidade que você não imagina de pessoas fazendo o bem, fazendo o certo, fazendo o que é bom para o outro. Gente preocupada com a sociedade em que vive. E são essas pessoas que nós queremos destacar, pessoas que operam pelo exemplo.
Para finalizar, gostaria de compartilhar um trecho da peça Liberdade, Liberdade (1965), de Millôr Fernandes e Flávio Rangel:
Às vezes, no fim de uma batalha, nem se sabe quem venceu; ou o vencedor parece derrotado. Cristo morreu na cruz, mas o cristianismo se transformou na maior força espiritual do mundo. Galileu Galilei cedeu diante da Inquisição, mas a Terra continuou girando ao redor do Sol, e quatro séculos mais tarde, um jovem tenente anunciou da estratosfera que a Terra é azul.
Anne Frank morreu, mas Israel ressurgiu da cinza dos tempos. Quando Hitler dançou sobre o chão da França, tudo parecia perdido. Mas a cada ato de luta corresponde um passo da vitória. O poeta Brodsky acaba de ser libertado por um movimento de intelectuais. Ainda há homens oprimidos, mas não há mais escravos. Milhões sofrem pressão econômica, mas ninguém pode mais ser preso por dívidas.
Depois da Segunda Guerra Mundial tornaram-se independentes treze nações asiáticas e trinta e quatro nações africanas. E se a insensatez humana continua a nos ameaçar com a Terra Arrasada, a Ciência, pela primeira vez na História, pode nos dar a Terra Prometida.
A liberdade é viva; a liberdade vence; a liberdade vale. Onde houver um raio de esperança haverá uma hipótese de luta.
Gostaria que meu boa noite tocasse vossos corações numa síntese de fé e coragem igual ao boa noite de Winston Churchill, em 1940, atravessando o Canal da Mancha numa silenciosa e fria madrugada:
“E agora, boa noite. Durmam a fim de recobrar forças para o amanhã; pois o amanhã virá. E brilhará claro e limpo sobre os bravos, os honestos, os de coração sereno, brilhará sobre todos os que sofrem por esta causa e, mais gloriosamente, sobre a campa dos heróis. Assim será nossa alvorada. Boa noite”.