Valquiria Melnik: simpatia e elegância que saltam aos olhos
Entre todas as pessoas com quem eu já falei sobre ela, o comentário unânime – mais até do que sobre a beleza – é sobre a simpatia. Valquiria Melnik, a jornalista e apresentadora do programa VerMais e do quadro A Hora da Venenosa, ambos da RICTV, está sempre sorrindo. Como sua colega de empresa (a TOPVIEW faz parte do Grupo RIC), sempre a encontro nos corredores da redação e até mesmo no refeitório, onde Valquiria pode ser vista almoçando, às vezes, com bobes na cabeça, pouco antes de entrar no ar. É nesse clima descontraído que ela concedeu esta entrevista especial para o TOPVIEW Journal, e falou sobre a carreira, assédio, maternidade e a trajetória até se consolidar como Miss Brasil de 1994.
“Adoro o que eu faço e é muito gratificante ter um papel de espelho [para as telespectadoras]. Mas o principal não é o que você mostra, é o que você é.”
Você começou na TV apresentando um programa sobre cinema e, hoje, apresenta o Ver Mais Curitiba, que fala muito sobre gastronomia, moda, artesanato. Você sempre trabalhou com softnews?
Na TV Educativa, trabalhei com hardnews, pois fui editora e apresentadora da primeira edição do jornal da emissora e a pauta era economia, política. Na Paraná Educativa, eu fiz bastante hardnews, mas fazia também programas mais leves, como o Museus e o Espelho Brasil, que era sobre cultura. Na RICTV é que eu entrei com entretenimento no Ver Mais, há oito anos, e nunca mais parei. O antigo apresentador era o Renato Gaúcho e a ideia, por causa do público, era ter uma figura feminina, que fosse mãe, por exemplo, e pudesse falar de alguns temas com mais propriedade.
E como foi o seu início de carreira na TV? Você se tornou apresentadora por causa da carreira de modelo?
Com televisão eu trabalho há muitos anos. Quando eu tinha 19 anos, eu já estava na CNT, em um programa de cinema. Aos 14, eu comecei a trabalhar como modelo. Fazia muito comercial, tinha facilidade de dar texto e, quando a CNT precisou de uma apresentadora para o Cinenews, fiz o teste com várias jornalistas e deu certo. Na época, eu fazia Administração de empresas, me formei pela FAE. Depois, já jornalista, fui para a Educativa e, depois,para a RIC. A televisão sempre fez parte da minha vida.
E qual é o seu papel no Ver Mais?
Sou contratada como jornalista, mas como somos uma equipe pequena (quatro pessoas, entre editora-chefe, pauteira e produtora, mais a repórter), tem que pensar em tudo. Claro que todo mundo tem a sua função, mas todo mundo ajuda no que for necessário.
O programa trabalha com adoção de animais, tem um quadro de um dia da beleza para mulheres. Vocês recebem muitos depoimentos de pessoas que mudaram a vida por causa do programa?
Direto, principalmente por conta da transformação do quadro Mais Bela. A gente lida com autoestima, com mulheres abandonadas, desempregadas, que não têm condição de ir a um salão de beleza. Muita gente não tem essa oportunidade, então os pedidos são muitos. E aí, quando elas têm a oportunidade de participar, não tem como elas não agradecerem. E é gratificante ver que as pessoas conseguiram um emprego, voltaram a um relacionamento por causa disso, voltaram a ter esperança. E toda quarta-feira tem o quadro Adote um Amigo. Para quantos animais de rua não demos um lar? Às vezes, no mercado, as pessoas me falam que fizeram uma receita que viram no programa e que foi muito elogiada. Isso tudo é muito gratificante. E, como apresentadora de um programa que existe há oito anos, eu não posso ficar acomodada. Por exemplo, eu fiz um curso de moda. Não vou atuar como consultora de moda, mas recebemos muitos profissionais da área. Como eu vou saber se pessoa está ensinando o certo para a minha espectadora se eu não compreendo aquilo 100%? Você tem que estar sempre atualizado. A gente fala bastante de moda, então, entenda de moda; fala bastante de maquiagem, então, entenda de maquiagem. É importante mostrar algo com mais propriedade, é uma preocupação minha.
Mais do que uma apresentadora, você acaba sendo um modelo de comportamento para as suas telespectadoras. Como lida com isso?
Adoro o que eu faço e é muito gratificante ter um papel de espelho. Mas o principal não é o que você mostra, é o que você é. Com as redes sociais, além de assistir ao seu horário de programa, o público te acompanha por elas. Por isso, a imagem te acompanha o tempo todo. Não adianta nada fazer um programo bom, sair de lá e dirigir errado, por exemplo. E disso eu sempre cuidei. Além do meu nome, tem o nome da equipe, da casa, de uma instituição que você carrega. Então, você tem essa responsabilidade. Mas é tão prazeroso o que eu faço que nem sinto, na verdade.
É assim que você é, né?
Sim. Falam para mim: “Cadê sua foto de biquíni, todo mundo coloca uma no Instagram”. Eu não consigo, é uma coisa minha, não gosto de me expor. Apesar de escutar que tenho que postar mais coisas, eu procuro ter o meu limite e ser eu mesma.
Você foi Miss Brasil em 1994. Como foi essa experiência?
Eu acho que foi uma coisa de menina. Eu já tinha participado de outros concursos. Acabei concorrendo por Morretes, fui convidada pelo prefeito. Depois, fui direto para o Miss Paraná, ganhei e fui para o Miss Brasil. Tudo muito por acaso. Eu já tinha participado de outros concursos de beleza e já tinha essa experiência de como andar na passarela, de como sorrir, de como fotografar, então isso ajudou bastante. Era legal: eu gostava de desfilar, tinha a vaidade de menina na época e ganhava prêmios sempre muito bons. Eu não tinha possibilidade de viajar e era resultado do meu esforço. Tinha isso como o meu trabalho.
E como a sua filha lida com o fato de ter uma mãe que foi miss, que é apresentadora de TV?
Minha filha [Valentina, que completa 15 anos este ano] é tão tranquila. Ela nunca teve vontade de trabalhar com TV, com fotografia, não tem esse deslumbre de “minha mãe é da TV”. Ela não glamouriza, porque vê o meu dia a dia: é trabalho árduo, tem que acordar cedo, estar bem, cuidar do corpo, do físico, do espírito. Tem que fazer curso, se atualizar, ler muito. Então, ela sabe que não é aquela coisa de aparecer maquiada na TV. Ela quer ser médica.
E como é a Valquiria mãe?
Ai, uma apaixonada.
Você é uma mulher que chama a atenção. Como lida com assédio?
Supertranquilamente. Vou ser bem sincera, que não sofro muito assédio de homens. Desde a época de modelo. E na época do miss eu já era noiva [Valquiria é casada há 22 anos com o ortodontista Sílvio Dalagnol] e o fato de ele viajar junto impôs respeito. No Miss Mundo da África do Sul, ele foi e ficou uma semana. O assédio sempre foi mais de mulheres e de crianças. É impressionante como as crianças gostam de mim. Homem vem um ou outro, mas eu tiro de letra. Meu marido não tem ciúme, eu é que sou [ciumenta].
E como você se cuida? Todo mundo sempre quer saber isso de uma miss.
Durmo bem, pelo menos oito horas por noite, e não sou de sair em baladas. Acho que isso me ajudou, esteticamente falando. Eu me hidrato muito e minha alimentação é saudável. Não me privo de nada, mas no meu dia a dia opto por comidas nutritivas. Eu uso alguns cremes, sempre vou na dermatologista, tomo cápsulas, não pego sol, porque envelhece muito. E faço musculação duas vezes por semana. Não tenho tendência a engordar.
Então, você pensa em ter algo na internet, um projeto pessoal?
Já pensei e ando pensando. Eu acho que quem faz TV, faz internet, só muda a linguagem, a estrutura. E é uma coisa até mais fácil, porque não tem a exigência da perfeição da TV. Antes, eu não gostava de fazer vídeos para a internet, eu cismava com a qualidade: a referência era outra, o som não era bom, a luz não era boa, então nem postava. Mas eu estou perdendo isso, porque é uma exigência, até o próprio público da TV quer te ver na internet. Ele não quer estar com você só algumas horas do dia. Já pensei em fazer um canal, mas quero alguma coisa boa. Estou estudando.
E o que a Valquiria quer do futuro?
Quero trabalhar o máximo que eu puder. A TV possibilita passar informação a milhares de pessoas ao mesmo tempo, e quando você pode ajudar muitas pessoas, isso se torna uma missão. Eu quero continuar com isso o máximo que puder.