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“Luxo é experiência”, afirma Valérie Chapoulaud-Floquet, CEO da Louis Vuitton

Em entrevista exclusiva, ela fala sobre a chegada da marca à capital paranaense e explica como o luxo pode unir pessoas de diferentes nacionalidades

Para dar as boas-vindas aos clientes curitibanos e inaugurar a loja do Pátio Batel – a sétima no país e a número 467 no mundo – a executiva Valérie Chapoulaud-Floquet desembarcou na cidade no começo de setembro. Obviamente elegante, simpática e falante (aliás, ela se comunica fluentemente em francês, italiano e inglês), a CEO da lendária marca francesa recebeu a reportagem da TOP VIEW para uma entrevista exclusiva em área reservada da nova loja: a que abriga a coleção Rare & Exceptional Leather Goods, que tem artigos feitos de materiais exóticos, como o python, e que pode ser transformada em um salão privativo. Valérie destacou como um dos diferenciais da marca o cuidado com o atendimento, falou sobre as preferências do público brasileiro e deixou claro que as expectativas em relação à loja curitibana são ambiciosas.

Top View: Com a abertura desta loja na cidade, a Louis Vuitton se torna mais acessível aos curitibanos, que antes tinham de viajar para comprar os produtos da marca. Dentro desse contexto, torna-se um desafio fazer um produto ainda tão desejado?

Valérie Chapoulaud-Flo-quet – Eu acho que é o contrário. Agora, os clientes têm sua casa em Curitiba. Nós viemos até eles e acho que isso vai aumentar o desejo. Mesmo com o comércio digital crescendo, o luxo é experiência. É passar tempo na loja, é estabelecer uma relação com os vendedores. E o nosso cliente passa muito tempo nas lojas [segundo ela, cerca de três ou quatro horas na loja de Milão, por exemplo]. O fato de trazermos a Louis Vuitton para Curitiba vai fortalecer esse relacionamento.

TV: Quais são as expectativas para a loja de Curitiba?

VCF- Estamos sendo bem ambiciosos. Logicamente, a loja de Curitiba é tão grande quanto a do Rio ou a de São Paulo. Nós temos uma clientela muito sofisticada para atender aqui, com quem queremos criar relacionamento. Se abrimos uma loja, é porque ela é importante em termos de clientela, de performance.

TV: E os curitibanos vão encontrar os mesmos produtos expostos nas outras lojas da marca?

VCF- A maior parte da coleção está vindo para cá. É muito importante para nós que 70 a 80% dos leather goods estejam presentes em todas as lojas. Depois, dependendo da clientela e do time local, podemos trazer produtos que sejam mais requisitados. Mas os produtos-chave estão sempre disponíveis. Se não estiver disponível, o produto pode ser pedido e chegar rapidamente.

E para Curitiba, até conhecer o mercado e os clientes, foram feitas escolhas que misturam um pouco do exótico e dos leather goods. Sempre há um toque local, conhecendo a clientela.

TV: E você sabia que os curitibanos têm fama de ser o povo mais crítico do Brasil?

VCF- Não! Mas, isso é bom! Na verdade, gostamos muito de uma atitude assim, pois nos impulsiona a manter um certo padrão de qualidade.

TV: A marca já tem três lojas em São Paulo, duas no Rio, uma em Brasília e, agora, a de Curitiba. O que vocês já sabem sobre as preferências de consumo dos brasileiros? Somos muito diferentes do resto do mundo?

VCF- Sim e não. O que é interessante no mercado de luxo é que, o que funciona, funciona em todo lugar. Se você traz uma coisa única para o mercado, você cria um desejo e, na maior parte do tempo, quando é um sucesso, é um sucesso mundial. É estranho porque os gostos dos japoneses, dos chineses, dos franceses, dos italianos variam muito. Mas a iniciativa-chave costuma funcionar em todo lugar. Ou não funciona de forma alguma e isso acontece também.

Nós não temos uma bola de cristal, mas o mercado de luxo é muito mais global do que você pode imaginar. Claro que o Brasil tem gostos, preferências, necessidades diferentes. O que eu acho é que os brasileiros querem um padrão de qualidade em todas as categorias. E sapatos são muito importantes no Brasil, mais do que em outros países. Mas tudo o que é um pouco diferente e único, que tenha algo de exclusivo – como as edições limitadas –, funciona bem aqui. Isso é uma tendência mundial, mas acho que no Brasil é ainda mais forte.

TV: O segredo do sucesso da Louis Vuitton é a inovação?

VCF- Em grande parte sim. Eu acho que é o espírito pioneiro, a inovação e a criatividade. Às vezes, o fato de sermos um pouco provocativos também. Muitas vezes e de muitas formas, nós fomos pioneiros – como abrindo novos mercados, por exemplo. Mas não só isso. Nós fomos uma das primeiras marcas a trazer artistas para a maison [o estilista Marc Jacobs se tornou o diretor artístico da Louis Vuitton em 1997]. Além da questão da inovação, não temos desconto, não temos promoção. Temos uma identidade muito forte e, para comprar um produto nosso, você precisa passar por uma experiência com o nosso time. E acho que nossos clientes, se não sabem disso, percebem.

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