Silvia Vieira: com a mão na argamassa, uma mente inovadora
Que o número de mulheres na área de construção civil vem aumentando não é novidade. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, atualmente, elas ocupam mais de 200 mil postos de trabalho, nas mais variadas funções. Um desses papéis é o de Silvia Vieira, que há quase 30 anos trabalha no setor cimenteiro e, hoje, ocupa um cargo estratégico em uma das maiores companhias do segmento no mundo, a Votorantim Cimentos – empresa do Grupo Votorantim que foi fundada em 1933 e com atuação em diversos países.
Doutora em geologia, Silvia está há mais de cinco anos na empresa, na qual desempenha a função de gerente geral de pesquisa, desenvolvimento e qualidade. Depois de mais de uma década morando na Suíça, onde trabalhava em uma grande multinacional do setor, ela recebeu a proposta de retornar ao Brasil para estruturar o departamento na Votorantim Cimentos e também assumir a gestão da equipe em Curitiba.
Em um momento em que todos os holofotes estão direcionados para as empresas que atuam na área de exploração mineral no Brasil, Silvia fala das suas diretrizes na empresa, focadas em desenvolver produtos sustentáveis e que venham a ser novas alternativas para o setor de construção civil. É o caso dos “cimentos verdes”, soluções feitas a partir de resíduos de construção e demolição e que representam menor emissão de gás carbônico (CO2), em comparação com os cimentos tradicionais.
“Para desenvolver concreto, cimento e argamassa, é necessário um grau de segurança muito grande.”
Para isso, são realizadas inúmeras pesquisas utilizando inclusive subprodutos da indústria da mineração – como é o caso de aparas de pneus velhos, que podem ser transformadas em combustível para o processamento de cimento. “Mas todo esse processo exige estudos detalhados. É necessário conhecer quais os impactos tanto na saúde da população quanto no meio ambiente”, pontua, segura de si e do seu trabalho.
Desde a criação da área de pesquisa, desenvolvimento e qualidade, foram criados cerca de 200 novos produtos cimentícios que evitaram a emissão de mais de 800 mil toneladas de gás carbônico. “A tecnologia impacta todas as áreas, inclusive o setor de cimento. Entretanto, trata-se de uma indústria mais conservadora, pois envolve muita responsabilidade social. Para desenvolver concreto, cimento e argamassa, é necessário um grau de segurança muito grande”, destaca.
Apesar de estar em uma posição capaz de direcionar os rumos da empresa, Silvia, sempre objetiva, ressalta que todo o trabalho é resultado de uma “parceria constante entre todos os setores” – com a mão na argamassa.
*Matéria escrita por Danielle Blaskievicz e publicada originalmente na edição 221 da revista TOPVIEW.