Seu José e Dona Maria colocam a mesa todo dia

Entre setembro e novembro do ano passado, eu dirigi. Foram milhares de quilômetros rodados de Curitiba até cada um dos cantos mais longínquos do Paraná.

Peregrinei nosso estado por conta das eleições municipais, atendendo a candidatos a prefeito de cada uma das muitas cidades para os quais emprestava o conhecimento sobre marketing político em troca do conhecimento sobre a nossa gente e o seu jeito de viver no interior.

No caminho para cada destino, entre uma música dos Rolling Stones no volume máximo, com a janela aberta e um churrasco de posto, na beira da estrada, eu ficava encantado com as paisagens que descobria. Eram campos e mais campos de lavoura. Vistos do amanhecer ao pôr do sol. Trigais e milharais, plantações de soja, feijão e café.

Ali, estava a origem de tudo o que consumimos no nosso dia a dia, mas que só enxergamos lá na ponta, em sua forma industrializada, indo da gôndola do mercado para servir a nossa mesa. Fiquei refletindo muito sobre aquilo, refazendo mentalmente a viagem reversa que o produto final tem até a sua real origem.

Quanta gente envolvida. Quantas famílias dedicadas naquelas plantações, nas cooperativas de onde saíam os caminhões, nas transportadoras e distribuidoras. Quanto trabalho, quanto sorriso, quanta risada.

Na medida em que escrevo esse texto, revisito flashes dos momentos presenciados no campo e é emocionante lembrar quanta história passa por cada produto até que ele nos seja fornecido. O agronegócio, tema desta edição da TOPVIEW, é, sem dúvidas, o motor do Brasil. Mas, o que vale mesmo reconhecer, é que tem muita vida por trás desse motor.

Este texto é uma homenagem aos trabalhadores do campo que nós não conhecemos e não enxergamos, mas que colocam muito amor no que fazem até que cada planta da lavoura se torne um alimento para o nosso consumo. Aos milhares de Josés, Marias, Gilbertos, Anas e Betânias, esse aqui é um singelo muito obrigado.

*Coluna originalmente publicada na edição #248 da revista TOPVIEW.