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Um salto para o pódio: conheça a aposta nacional do hipismo

Com apenas nove anos de idade, Manoela Müller Michaelis é uma das apostas nacionais do hipismo

“A primeira vez em que eu subi em um cavalo foi na Praia do Forte, na Bahia. Nós fomos à praia e vi um cavalo. Eu queria montar nele e, quando era a hora de sair, eu não queria mais descer”.

É assim que a curitibana Manoela Müller Michaelis, de apenas nove anos, descreve o início de uma trajetória campeã no hipismo. Com apenas um ano e meio, a menina já demonstrou que tinha muita intimidade com cavalos, deixando a mãe, principalmente, muito preocupada com a segurança dela. “Eu sempre falo para ela: ‘Por que você não foi dançar balé, jogar tênis?’ Mas não, ela prefere ficar em cima de um cavalo enorme, saltando tão alto”, brinca Mariella Müller Michaelis.

Depois de a garota demonstrar o quanto se encantou pelo cavalo que havia montado na praia, Mariella e Guilherme Michaelis – pai da atleta – procuraram onde Manoela poderia andar a cavalo em Curitiba. Sem nem completar dois anos, a jovem entrou para o Clube do Pônei, na Sociedade Hípica Paranaense.

Com apenas nove anos de idade, Manoela Müller Michaelis é uma das promessas nacionais do hipismo
(Foto: acervo pessoal)

Com quatro anos, ela ganhou seu primeiro cavalo – uma égua chamada Snow. Segundo o pai, foi nesse momento que a dinâmica para praticar o esporte mudou, já que, no Clube do Pônei, ela apenas chegava ao local e o cavalo estava pronto. Com a Snow, eles precisavam virar sócios da Hípica e cuidar pessoalmente do seu cavalo. “Quando demos esse passo, ela teve que ter mais responsabilidade, porque precisava avisar o horário que iria chegar, falar com o tratador do animal, saber a hora que o cavalo tem que comer. Então, a responsabilidade dela começou bem cedo, aos quatro anos”.

Depois de Snow, Manoela também cavalgou com o Gaúcho e com o Carteiro. Mas foi com o Polo Black que teve uma grande evolução. “Ela teve uma trajetória muito rápida. Conseguiu alcançar um metro com apenas um ano”, orgulha-se Guilherme.

Em relação à metragem, o pai se refere à altura que os atletas são capazes de pular com seus cavalos nas competições. Orgulhoso, ele conta que a filha conseguiu saltar pela metragem antes do previsto para a idade dela.

Com tamanho resultado, a menina participou do Campeonato Brasileiro da Juventude 2022 de hipismo na disputa nacional na categoria Mini-mirim, que vai de oito a 11 anos. Ela foi convocada para representar o Paraná no torneio de equipe e, também, no individual. Praticamente cravando o tempo, ela faturou a medalha de ouro no individual e,
no de equipe, conquistou a medalha de prata.

Sobre a sensação de ganhar uma competição nacional, Manoela não esconde o trabalho duro para chegar até lá. “Eu comecei a pular de felicidade. Isso [a medalha de ouro] não é muita gente que consegue”, relata.

ROTINA DA CAMPEÃ

“A Manoela treina, em média, três vezes por semana. Ela sai da escola e vai à Hípica treinar com os mesmos professores que treinavam com ela no Clube do Pônei”, afirma Mariella. A mãe ainda conta que, em casa, ninguém além de Manoela sabe montar em um cavalo e, por isso, tudo que sabe sobre hipismo veio dos professores: Giovanna Sobania e Caio Carvalho Filho.

A médica também ressalta que tudo o que a garota conquistou até hoje veio de seu esforço. “Ela tem uma rotina muito árdua, mas é muito disciplinada, focada e determinada. Isso flui porque ela gosta e faz o que ama com toda a dedicação e amor do mundo”, pontua.

ORGULHO NACIONAL E DOS PAIS

Por mais que Manoela seja uma das promessas no país, não há ninguém que aposte mais na jovem atleta do que seus
pais. “Eu falo que ela me ensina muito todos os dias. Me ajuda a manter a calma que eu não tenho”, revela a mãe.

Já Guilherme, que já foi tenista, está acostumado aos desafios que os esportes exigem e conta uma história engraçada que envolve a mulher e a filha. “Teve um sábado em que estava chovendo muito e a Manoela foi fazer uma prova. A Mariella ficou assustada, já que os cavalos ficam mais agitados em dias de chuva, e falou que eles não iriam mais voltar na Hípica em dias chuvosos. Depois da declaração da mãe, Manoela disse: ‘Está decidido, mãe. Em dia de chuva, você não vem mais’”, brinca.

 

*Matéria originalmente publicada na edição #265 da revista TOPVIEW.

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