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Product Placement e o marketing não invasivo

Como a indústria da mídia pode anunciar produtos sem fazer propaganda

Nos cinemas, recentemente, assistindo ao último filme do James Bond, No Time to Die, fiquei encantado com a cidade na Itália que aparece logo no começo do filme. Como uma singela dica dada pelo diretor, quase que imperceptível, o endereço do local aparece em um close dado pela câmera no bilhete do hotel em que Bond está hospedado, acusando o nome da cidade: Matera.

Parece algo desproposital, mas não é. O movimento foi calculado e ajudou a promover o turismo na cidade rochosa de apenas 60 mil habitantes do sul da Itália. Bem menos discretas, mas com o mesmo intuito, são as aparições de outras marcas ao longo do filme, como Heineken, Omega, Land Rover e, é claro, o sempre presente Aston Martin.

A esse tipo de publicidade, seja para produtos ou destinos, é dado o nome de product placement, uma das minhas formas favoritas de marketing, por ser silenciosa e não invasiva. Esse método tem como característica a introdução natural das marcas dentro do conteúdo de entretenimento. Vale para filmes, séries, jogos, entrevistas e tantos outros canais – e o propósito é trazer um vínculo de confiança com o público, que, ao se identificar com o conteúdo, enxerga-se vivenciando aquilo.

Em cada filme ou série que assisto, divirto-me como um caçador de product placement e me impressiono com o quanto o tema está crescendo.

A jornalista do New York Times Tiffany Hsu, por sinal, estima que a receita em product placement para a Netflix já é maior do que a com assinatura. Segundo dados do streaming, 70% de seus conteúdos têm aparições de marcas. Cada marca paga, em média, de 50 a 500 mil dólares por exibição em cada episódio. Já dá para fazer a matemática, né?

Para mim, no entanto, ainda há um salto que precisa ser dado nesse formato de marketing, a fim de torná-lo mais apelativo: permitir o acesso imediato ao produto ofertado, assim como o Instagram faz. Quando essa barreira se romper, não apenas as marcas anunciantes ganharão muito. Como, também, a própria Netflix e seus concorrentes poderão criar produtos e vendê-los online, diversificando ainda mais as suas fontes de receita.

*Matéria originalmente publicada na edição #257 da revista TOPVIEW.

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