PODER

Procuram-se estadistas

O brasileiro precisa priorizar a educação política no país

O poder é um instrumento de ação capaz de funcionar no plano individual, empresarial ou nacional, e levar à realização de obras físicas ou sociais pelo emprego dos recursos exigidos. Os elementos do poder são, portanto, os meios de ação efetivamente existentes. Falando em uma coletividade complexa, caso de uma nação inteira, o poder existe ou não conforme a existência daqueles meios exigidos para que algo grandioso seja realizado.

Uma catástrofe natural, como é o caso da pandemia, exige uma ação inteligente, coordenada, funcional e eficiente para que a solução seja alcançada. Para tanto, o líder maior necessário como coordenador do processo e legítimo no exercício do cargo e das prerrogativas da função é aquele que disponha de inteligência, alta cultura, compreensão dos problemas, espírito de renúncia, dedicação a uma causa coletiva acima de seus interesses mesquinhos e cotidianos.

Repete-se por aí que os estadistas pensam nas próximas gerações enquanto os políticos da mesquinharia diária pensam no poder pessoal, nas benesses do cargo e nas próximas eleições. Pois o Brasil nunca necessitou tanto, nunca clamou tanto por líderes que estejam acima da mediocridade cotidiana da política miúda e do poder pessoal. Um estadista, neste momento tão dramático e sofrido da vida nacional, sentir-se-ia impelido a sacrificar tudo: vaidade, arrogância e pretenso conhecimento que não tem em favor de uma grande atitude nacional de conciliação e trabalho pensando no ponto único que importa, que é salvar a população dessa tragédia sanitária que se abateu sobre todos.

Aquele que fizesse isso sairia consagrado da vida pública e realizado por toda sua existência na Terra, pois quando mais dele a nação precisou mais ali ele esteve. Esse seria um estadista. Mas onde estão os estadistas da política brasileira? O que houve afinal com o trem descarrilado da política nacional que a mediocridade e a pobreza de líderes são as marcas senão de todos, mas da maioria de nossos homens públicos.

Os anos de 2020 e 2021 apenas mostrarão o quando a pobreza política cresceu na estrutura de poder no Brasil, além é claro da imoralidade e da corrupção, e isso pegou todos os espectros ideológicos e partidários. Infelizmente, procuram-se estadistas e o desencanto está provado e estampado no rosto dos milhões de brasileiros sofredores nesta triste fase da vida nacional.

Como nunca, a educação política reclama o surgimento de uma nova geração de líderes nos quais a nação possa minimamente acreditar.

* Coluna originalmente publicada na edição #248 da revista TOPVIEW.

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