Artigo: Como fica o Brasil entre a crise da Rússia e Ucrânia?
O conflito entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a invasão do território ucraniano pelas forças de Putin, não é um quebra-cabeça simples de entender. O ser humano tem o hábito de, imediatamente após a ocorrência de um fato, tomar partido a favor daquele lado que lhe era simpático anteriormente. Por outro lado, dada nossa inclinação para torcer pelos fracos, a impressão é que o gigante russo quer esmagar a pequena Ucrânia sem ter nenhuma razão para isso.
LEIA MAIS: Ucrânia e Paraná: conectados pela comoção popular de comunidades imensas
A pergunta mais importante é: por que Vladimir Putin, com seus pendores de ditador, ordenou a invasão da Ucrânia? Simplificadamente, há um problema na base do conflito, além de outros, que merece ser examinado. A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) é uma organização que congrega 30 países e seu caráter é de aliança militar internacional, que vem desde 1949.
Entre os países que fazem parte da OTAN, estão vários que pertenceram à antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e fazem fronteira com o território russo. Isso significa dizer que a OTAN tem o direito de colocar inclusive armas nesses países, de forma que Putin argumenta que sua fronteira cercada por tais Estados, eventualmente armados, possam ser uma ameaça a Rússia.
O fato é que, com todos seus erros, a Rússia invadiu a Ucrânia e há três hipóteses possíveis. 1) os membros da OTAN podem gritar, mas não agir militarmente para expulsar o exército russo que está dentro da Ucrânia. 2) pode haver boicote comercial e financeiro imposto à Rússia. 3) na hipótese dois, o governo Putin imediatamente colocaria em ação um plano reserva para fazer importações vindas de países fora da OTAN.
Se o Brasil for olhar o conflito apenas sob o interesse econômico, pode-se repetir o que ocorreu quando, em 2014, a Rússia anexou a Crimeia. Ao enfrentar o boicote da Europa e Estados Unidos, que deixaram de fornecer alimentos e outros produtos à Rússia, o Brasil acelerou suas exportações de produtos primários, com destaque para a venda de carne para o povo russo. Ou seja, economicamente falando – e dependendo das relações com a Rússia – o Brasil pode aumentar sua taxa de exportação.
Porém, os impactos indiretos não são positivos. Os efeitos do conflito podem influenciar a inflação e a alta nos preços do petróleo e seus derivados, além do dólar. Outro ponto importante são a importação de fertilizantes e insumos agrícolas, que estão atualmente no topo da lista de produtos importados da Rússia, o que pode prejudicar o agronegócio.
Um conflito dessa natureza não comporta explicações simplistas. Porém, os aspectos citados fazem parte do cardápio de problemas e hipóteses, caso a crise avance até o ponto de a Rússia insistir em dominar a Ucrânia. De qualquer forma, o mundo deve fazer um esforço para que a guerra não prospere.