A conjunção moda, arte e economia

O filósofo Aristóteles exerceu várias atividades durante sua vida: foi botânico, biólogo, zoologista, matemático e operário da “ciência do conhecimento” – a filosofia propriamente dita. Mas, preocupado com a possibilidade lógica dos diálogos, Aristóteles se atentou em organizar a comunicação por meio de palavras e frases (o discurso) e a lógica interna dos argumentos (a lógica formal).

Essa introdução é necessária diante das palavras “moda” e “arte”. “Moda” é uma expressão matemática que significa, em um dado conjunto, a variável ou o valor que tem a maior frequência entre todos os elementos. Se, em um grupo de 1.000 pessoas, são usadas camisas de 10 cores diferentes e a cor mais utilizada é o azul, com 400 pessoas usando-a, dizemos de forma simplificada que a moda é a cor azul. Trazendo esse conceito estatístico para os costumes, moda é aquilo que está em primeira colocação como uso ou prática.

Já “arte” é uma palavra que tem várias aplicações, porém, a mais comum é o conjunto de produtos e atividades vinculadas a dons e talentos naturais devidamente desenvolvidos, como música, escultura, pintura, cinema, teatro e design. A questão essencial das atividades vinculadas à ideia de moda e de arte é que todas são atividades econômicas – e a economia nada mais é do que um sistema que reúne fatores de produção (trabalho, capital, recursos naturais e iniciativa empresarial) para transformá-los em bens e serviços aptos para o uso e o consumo.

Dá para resumir tudo no seguinte raciocínio: os atos de produzir um vestido, uma pintura, uma canção, um filme ou uma peça de teatro são todos atos econômicos que usam os fatores de produção para gerar algo destinado a satisfazer necessidades humanas. Logo, tem um valor de uso e um preço de mercado.

Moda e arte geram produto, renda, emprego, tributos e progresso – tanto quanto é gerado por qualquer outro bem ou serviço de natureza vital. Nesse sentido, todos esses produtos têm sua utilidade e sua função na existência e na manutenção da vida aqui na Terra. Isso vale, por óbvio, para tudo o que chamamos de moda ou de arte.

*Matéria originalmente publicada na edição #259 da revista TOPVIEW.