Eduardo Pimentel: um otimista de agenda cheia
531 mil curitibanos (58%) confiaram o futuro da cidade a Eduardo Pimentel. Aos 40 anos, o atual líder do executivo municipal acumula posições de destaque na política estadual. Pimentel foi por duas vezes vice-prefeito, atuou como diretor da Central de Abastecimento do Paraná (Ceasa-PR) e ocupou os cargos de subchefe da Casa Civil e de Secretário de Estado das Cidades. Hoje, enxerga Curitiba de uma maneira otimista. Em seu dia a dia, em pouco mais de sessenta dias do início da gestão, o prefeito tem alternado reuniões de planejamento e alinhamento no gabinete com uma intensa agenda pela cidade, em que ele conversa e ouve as demandas dos moradores frequentemente.
Além disso, Eduardo já colocou em prática as promessas mais significativas da campanha eleitoral: a instituição do vale-creche para famílias de baixa renda, o custeio de passagens de ônibus do transporte coletivo para desempregados, a determinação da meia tarifa aos domingos e a atenção dedicada à segurança na área central da cidade.
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Ainda no início de 2025, a equipe de Pimentel trabalhou de maneira intensa no enfrentamento às consequências das fortes chuvas que atingiram a cidade nos últimos dias de janeiro. O combate aos efeitos das mudanças climáticas está entre as prioridades de Eduardo para os próximos quatro anos.
Em entrevista à TOPVIEW, Eduardo Pimentel conta aos curitibanos os principais planos, investimentos, programas e realizações de sua gestão — que se estende até o final de 2028.
Curitiba chega aos 332 anos. Como o senhor vê a cidade hoje e como Curitiba está sendo planejada para o futuro?
Com muito orgulho. Curitiba é a cidade em que nasci, na qual me casei e onde meus três filhos nasceram. É uma cidade moderna, inovadora, reconhecida como a mais inteligente do mundo e a capital mais igualitária do Brasil. Tenho plena consciência de que ainda temos muito trabalho pela frente. Os desafios de uma grande metrópole como Curitiba são intensos e renovam-se a cada dia. No entanto, sou muito otimista. Acredito que Curitiba está no caminho certo. O curitibano é um trabalhador. Ele se dedica, empreende, cria novos caminhos e sabe trabalhar em parceria. Cabe a nós, gestores públicos, fazermos a nossa parte. Sou um otimista com a cidade, mas, para concretizar esse otimismo, precisamos trabalhar duro, andar a cidade, ouvir a cidade, ouvir as demandas. É o que eu e todos os secretários estamos fazendo e vamos continuar fazendo.
Quais são os maiores desafios enfrentados na administração de uma cidade tão dinâmica como Curitiba? E como tem sido esse início de gestão?
Os desafios surgem diariamente. Nós, nesse começo de gestão, conseguimos colocar em prática uma série de iniciativas que tínhamos planejado. Em janeiro deste ano, implantamos a meia tarifa de ônibus aos domingos e feriados com o programa Domingão Paga Meia.
Outro programa social de grande alcance é o Tarifa Zero a Caminho do Emprego, que garante passagem gratuita de ônibus para quem está desempregado e à procura de uma colocação no mercado de trabalho em Curitiba. Lançamos também a Operação Centro Seguro, que terá caráter permanente, com reforço nos horários e áreas mais vulneráveis da região central, com foco inicial de combater os crimes de furto, roubo e tráfico de drogas, que são mais recorrentes na área.
Paralelamente, estamos ampliando o acolhimento social de pessoas em situação de rua no Centro: dobramos o efetivo, com novos agentes e veículos, e vamos investir em uma série de obras de infraestrutura e mobilidade. Teremos ações de cultura e esportes, buscando levar as famílias para o Centro.
A Prefeitura também está atuando em outras frentes, fazendo uma ofensiva contra o mosquito da dengue, com a realização de vários mutirões em toda a cidade e criação de um Plano Municipal de Combate à Dengue com ações intersetoriais para consolidar e ampliar as estratégias de combate ao mosquito Aedes aegypti.
Mas os desafios são diários. Choveu muito em toda a região Sul e Sudeste. Em Curitiba, não foi diferente. Choveu até 80% a mais do que a média histórica. No entanto, trabalhamos muito e conseguimos dar uma resposta adequada. Estamos fazendo a limpeza e o desassoreamento dos rios em conjunto com os municípios vizinhos da região metropolitana.
Também estamos trabalhando com a implantação de duas novas bacias de contenção do Rio Atuba, na região do bairro do Atuba, na capital. Além de beneficiar Curitiba, as intervenções também ajudam a reduzir o impacto de alagamento nos municípios limítrofes. Esse início tem sido bastante ativo. A cidade não parou um minuto.
Quais iniciativas serão implementadas para manter o status de referência na mobilidade urbana na cidade?
Estamos dando continuidade aos grandes projetos de mobilidade urbana que foram iniciados nas gestões que participei com o prefeito Rafael Greca, que são o do Novo Inter 2 e do Ligeirão Leste-Oeste.
Esses grandes lotes de obras estão atualmente em execução e representam o futuro do transporte coletivo de Curitiba, junto com o processo da nova concessão do transporte, cujo modelo está sendo elaborado pelo BNDES e que acontecerá este ano.
Além disso, o BNDES está elaborando um estudo para concessão e instalação de Veículos Leve Sobre Trilhos (VLT) entre Curitiba e o Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais. É um projeto contratado pelo governo do Estado, com o apoio de Curitiba e São José dos Pinhais. O VLT também integra o programa de eletro-mobilidade. Se for aprovado, serão 22,8 km de percurso de VLT em operação entre os dois municípios para atender uma capacidade diária de até 160 mil passageiros do transporte metropolitano.
Como a sua administração deve integrar as políticas de sustentabilidade no planejamento urbano?
Em Curitiba, a sustentabilidade caminha junto com o planejamento urbano. O nosso Ippuc, que é uma referência mundial em planejamento, colocou Curitiba no cenário internacional como referência em projetos alinhados ao desafio climático, a grande pauta mundial, definidos no Plano de Ação Climática, o PlanClima. Posso citar como exemplos de projetos sustentáveis recentes do Ippuc o Novo Inter 2, que terá ônibus 100% elétricos, e o Bairro Novo da Caximba, que, além de promover o resgate social de 1.693 famílias da Vila 29 de Outubro, também fará recuperação ambiental da área em que existe o encontro dos rios Iguaçu e Barigui, com a implantação de um dique para contenção de cheias e um parque linear.
Quais ações são desenvolvidas para fortalecer a segurança pública em Curitiba?
Como já mencionei anteriormente, uma das primeiras ações da gestão foi o enfrentamento da criminalidade no Centro da cidade, a Operação Integrada Centro Seguro, lançada em fevereiro, com o reforço do policiamento e trabalho em conjunto das polícias militar e civil e da Guarda Municipal. Além do policiamento ostensivo, as forças de segurança também vão fazer um trabalho de inteligência integrado para identificar criminosos e o combate aos crimes de furto, roubo e tráfico de drogas na região.
Além disso, criamos o Conselho Municipal de Políticas Públicas e Segurança (Concep), órgão que reúne representantes da sociedade civil e da prefeitura para definir e controlar as ações do setor na cidade.
O Conselho terá a função de propor, assessorar e orientar a formulação de políticas públicas de segurança e defesa social para a cidade de Curitiba. Vamos fortalecer e ampliar a Muralha Digital, com o uso de novas tecnologias.
Também daremos amplo apoio para que a Guarda Municipal realize o trabalho. Em janeiro, entregamos novos veículos para a Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito, seis caminhonetes modelo S10, para os grupos especiais da Guarda Municipal e pela Defesa Civil.
De que forma a sua gestão apoia o de-senvolvimento econômico e a geração de empregos? Como a administração tem buscado atrair investimentos para a cidade?
Eu criei a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação e o encarregado de coordenar esse trabalho é o meu vice, Paulo Martins. A missão de Paulo é impulsionar o crescimento econômico e criar um ambiente favorável à geração de em- pregos e renda. Isso será feito por meio de programas e qualificação de mão de obra, que inclui também moradores em situação de rua, que serão, em primeira etapa, acolhidos pela Fundação de Ação Social, prevendo passagem por clínica terapêutica para quem tiver necessidade e, depois, serão direcionados à qualificação profissional e aluguel social, para que possam recuperar suas vidas.
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico terá um amplo espectro de atuação, como estímulo ao comércio, turismo e empreendedores em pequenas empresas.
Tudo isso vai criar um ambiente favorável na cidade, que somado às grandes obras estruturantes que a Prefeitura realiza na cidade, vai contribuir para a geração de empregos.
Quais iniciativas estão sendo implementadas para fortalecer a educação em Curitiba?
A Rede Municipal de Ensino vai ganhar mais investimentos em infraestrutura e tecnologias educacionais. Antes do início do ano letivo, realizamos obras e reformas nas unidades por toda
a cidade e, neste ano, foram convocados para a rede 103 professores da Educação Infantil, 285 agentes de apoio educacional e cerca de 300 professores que estavam lotados em funções administrativas.
Em fevereiro, convocamos 420 profissionais do Magistério – Docência I que foram aprovados no concurso público, a fim de garantir uma educação de qualidade para as nossas crianças. Além de novos 36 CMEIs, vamos buscar a ampliação do atendimento com vagas na rede privada. Enquanto isso não acontece, criamos o Vale-creche, que já foi aprovado na Câmara Municipal.
Faremos também a busca ativa por prédios que possam ser locados e adaptados para abrigar um novo CMEI, o que encurta o tempo de espera por uma nova unidade, pois uma construção pode demorar um ano ou mais.
Como a sua gestão tem trabalhado para melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos à população?
De uma maneira muito prática. Em fevereiro, assinei uma resolução destinando R$ 77,4 milhões em recursos do Tesouro Municipal para 12 hospitais da rede de saúde pública da capital, reafirmando a parceria que os hospitais filantrópicos têm com o ecossistema de saúde de Curitiba. Esses recursos vão fortalecer ainda mais nosso SUS Curitibano, referência no país, graças ao trabalho conjunto que realizamos.
Também, como já havia citado, determinei a criação do Plano Municipal de Combate à Dengue frente à perspectiva do aumento de casos da doença em todo o país.
Além disso, está no nosso planejamento dos próximos quatro anos a implantação de seis novas unidades de saúde, duas UPAs, dois CAPS, um hospital municipal com 250 leitos e um centro de apoio diagnóstico.
Como a sua administração pretende atuar para enfrentar as mudanças climáticas, que já afetam a cidade?
Curitiba foi pioneira no conceito de cidade-esponja. Todos os parques da cidade foram implantados em áreas estratégicas da cidade para evitar enchentes. Além disso, Curitiba tem o Plano de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas de Curitiba (PlanClima), que traduz o empenho da cidade em consolidar uma política climática, a fim de implementar ações transformadoras
e inclusivas por uma cidade neutra em emissões e resiliente ao clima até 2050, de acordo com os objetivos do Acordo de Paris e da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Estão alinhadas com o PlanClima iniciativas como Pirâmide Solar de Curitiba, Bairro Novo da Caximba, Amigo dos Rios, 100 Mil Árvores, Reserva Hídrica do Futuro e futuros Inter 2 e BRT elétricos.
Para os próximos quatro anos, pretendemos criar oito novos parques, florestas urbanas em bairros de alta densidade e implantar o Ecodistrito Belém, que terá um parque linear com aproximadamente 6,3 km de comprimento, conectando a Linha Verde ao Parque Iguaçu, com vegetação filtrante que torna a área verde alagável nos períodos de cheia do rio. Está também nos nossos objetivos o plantio de mais 500 mil árvores em quatro anos e a implantação do Ecocidadão Inovação, para transformar resíduos recicláveis em pavers, lajotas, bancos e floreiras.
Vamos também ampliar o programa Curitiba Mais Energia, que tem o objetivo de popularizar o uso da energia limpa na cidade com a instalação de painéis fotovoltaicos para aproveitar a energia do sol e, juntos, são responsáveis por uma economia de 50% da energia produzida por prédios públicos do município. Nós vamos estender esse programa para outros 28 locais, porque é importante que Curitiba mantenha a dianteira na sustentabilidade.
*Matéria originalmente publicada na edição #298 da revista TOPVIEW.