Les Étoiles: as estrelas da decoração
O QUE É a decoração de interiores se não a essência de uma pessoa ou de uma empresa? No entanto, já imaginou outra pessoa traduzindo isso? Montando um espaço que, na verdade, não é dela?
Esse é o desafio dos arquitetos e decoradores de interiores. Trata-se de um trabalho de entender, ter sensibilidade e solucionar o desejo mais íntimo das pessoas: organizar um ambiente que as represente. Essa missão é para poucos e, por isso, a TOPVIEW destaca quatro profissionais que fazem isso com muita maestria e dedicação pelo Paraná.
Janaína Macedo
Apesar de atuar na área há 12 anos, Janaína Macedo começou sua vida profissional na área de gestão financeira em uma construtora. Porém, com pouco tempo atuando nesse segmento, ela descobriu que seu coração pertencia à arquitetura.
Especializou-se na área, abriu seu próprio escritório e estreou na CASACOR com o desafio de criar um ambiente essencialmente brasileiro. Assim nasceu o projeto Sala Brasileiríssima, que recebeu o prêmio de ambiente mais sofisticado da mostra em 2014. Isso lhe garantiu uma visibilidade nacional, que se mantém até hoje. O segredo para seus bons projetos é entender um pouco da rotina e do estilo de vida de seus clientes. Para ela, decorar é muito mais que embelezar. “A casa é viva, tem que ter alma. A decoração carrega um pouco da história de cada família, reflete a personalidade de quem ali vive”, relata.
Inspirada em nomes como Oscar Niemeyer, Frank Lloyd Wright, Le Corbusier e Mies van der Rohe, Janaína também vive em busca de inspiração em suas viagens. “Faz parte do meu trabalho viajar o mundo, vivenciar culturas, sentir diferentes sabores. Aprecio a arte em todas as suas formas – e o meu trabalho é a expressão disso tudo”, conta.
Marcos Soares
Pessoas com extremo bom gosto e um olhar diferenciado. Esse é o perfil de clientes que procuram Marcos Soares, designer de interiores há 23 anos.
Conhecido no mercado por sua diversidade de estilos, o profissional trabalha muito bem desde o clássico até o contemporâneo, o rústico ao sofisticado. “O mercado sempre me acolheu. Sempre tive clientes com esse olhar diferenciado para uma decoração com mais estilo e personalidade. Mas o mais importante é retratar o DNA do cliente”, revela o profissional. Segundo ele, é essa linha criativa que o coloca ao lado dos clientes ideais. “Esse fator me coloca ao lado de pessoas sofisticadas e extremamente sensíveis à arte e ao design. É isso que torna o mercado mais prazeroso, o que só me dá grandes momentos de alegria”, conta.
Com muito amor pelo que faz, o profissional destaca que, para estar tantos anos no segmento, é preciso levar em conta os relacionamentos, ter comprometimento e, principalmente, sintonia. “Um
bom profissional é aquele que respeita a contrapartida do cliente, mas, principalmente, o convívio e a amizade que se constrói no decorrer do projeto”, conclui.
Luciana Baggio
Antes de se tornar designer de interiores, Luciana Baggio aprendeu muito sobre estética com outra área: a moda. Estudou o tema em Florença, na Itália, mas, com o tempo, descobriu que moda, design e decoração eram temas que se completavam.
Com essa nova perspectiva, voltou à Itália, desta vez em Milão, para estudar no Istituto Europeo di Design e na Domus Academy, em que teve aulas ministradas por designers renomados, como, Alessandro Mendini, Andrea Branzi, Michele de Lucchi e Stefano Giovannoni. Completados 25 anos de carreira, a profissional explica como é difícil definir sua profissão, já que a pratica com tanta paixão. “Trabalhar como designer de interiores tem sido uma experiência muito iluminada em minha vida.
Nada como concluir um serviço e ver a satisfação dos clientes ao entrar nos espaços remodelados de suas residências e ambientes profissionais. O ponto central do meu trabalho é a satisfação de todos eles”, relata.
Por isso, conta que decorar, para ela, é como mergulhar no universo de cada indivíduo – e é justamente nisso que reside sua grande motivação. “Cada cliente tem uma personalidade diferente. Cada um vive em um universo e o que eu mais amo é não seguir o mesmo padrão para todos”, detalha. Para ter repertório suficiente para uma gama tão grande de criação, Luciana busca referências em viagens. “Pode ser viagem de qualquer tipo, no Brasil ou fora, pode ser uma viagem para a fazenda. Eu busco referência em tudo”, finaliza ela.
Angela Chinasso
“Descobri que podia dizer coisas por meio de CORES (flores) e MATIZES que não poderia dizer de outra maneira, coisas para as quais eu não dispunha de palavras!” É citando a pintora Georgia O’ Keeffe que a arquiteta Angela Chinasso começa definindo seu trabalho.
Com 30 anos de carreira, a profissional reflete o quanto sua visão em relação à arquitetura é diferente. “Venho há alguns anos caminhando na contramão do que esse mundo pedia: exposição. O meu coração pedia calma, quietação e discrição. Eu vivia em reflexão e, a cada dia que passava, tinha mais certeza de que não era essa exposição que eu buscava”, conta.
Foi com a arquitetura e as artes que ela entendeu que não era preciso uma grande exposição para poder trabalhar com a arquitetura do lar. “Posso dizer que nem a arquitetura nem as belas artes me mostraram que era preciso expor-se. Elas me mostraram que, ao criar, produzir, inventar e solucionar, automaticamente o produto falará por si próprio”, declara.
Foi criando casas com vida, alma, memórias e histórias que Angela se apaixonou pela decoração de interiores. “Casas reais, com cores, flores, estampas e perfumes. Casa para chamar de lar, cheia de vida e personalidade”, sentencia.
Seu estilo é inconfundível: ela gosta de projetos ousados e inusitados, cheios de misturas e totalmente maximalistas, carregados de histórias e referências. “Porém, não deixo de trazer uma certa contemporaneidade na composição, fazendo um mix de objetos já existentes e clássicos de família com novas peças de design atual”, pontua a arquiteta.
Por fim, Angela sinaliza que, na arquitetura do lar, não pode faltar uma boa mistura de cores e estampas diferenciadas e, claro, flores! “Essas sim são indispensáveis. Elas ocupam um lugar especial, pois, para mim, casa, mesa, décor ou vida sem flor é como uma pessoa sem alma.”
*Matéria originalmente publicada na edição #273 da revista TOPVIEW.