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Papo Final com José Claudio Casali

Oncogeneticista e professor, José tem estudado a fundo, durante a quarentena, as novas mutações da Covid-19

Oncogeneticista e professor de Medicina da Universidade Positivo, José Claudio Casali tem estudado a fundo, durante a quarentena, as novas mutações da Covid-19 e as pesquisas que mostram como, exatamente, o vírus se tornou mais contagioso.

Em entrevista à TOPVIEW, ele contou que está procurando se adaptar à nova rotina em casa e deu um conselho para aqueles que não estão na linha de frente no combate contra o coronavírus: “mostre seu amor pelo mundo mantendo o distanciamento”.

Papo Final com José Claudio Casali

Uma lembrança da infância?
Morei em Brasília até os 12 anos. Lembro muito da liberdade de andar de bicicleta pela capital sozinho, sem correr nenhum risco nas ruas.

Quem o inspira atualmente?
O médico Bill Kaelin, americano e ganhador do prêmio Nobel de Medicina ano passado. Ele descobriu como controlar o crescimento de tumores ao inibir a formação dos vasos sanguíneos que levam oxigênio e nutrientes até eles. Sua pesquisa teve impacto mundial no tratamento do câncer e salvou mui-to mais gente como pesquisador do que como médico.

Uma curiosidade sobre você?
Sou chocolatra. Mudei muito minha dieta para ser mais saudável, mas não abro mão de um tablete de chocolate por dia.

Por que decidiu se tornar médico?
Nunca pensei em ser outra coisa, a vida toda, desde que me lembro, dizia que seria médico. Não passei no meu primeiro vestibular, tinha 15 anos, e precisei estudar muito para conquistar meus objetivos.

Descreva “ser professor” em uma frase.
Um dom e uma arte, aprendo muito mais quando ensino.

Atitude mais admirável que testemunhou recentemente?
Médicos da linha de frente contra o coronavírus que mantiveram-se afastados de suas próprias famílias para protegê-los.

Como está lidando mentalmente com a pandemia?
Procuro me adaptar ao novo estilo em casa, aproveitando para escrever projetos de pesquisa em oncogenética e em tecnologias em saúde, bem aplicável para o momento atual, em que todos estamos fazendo atendimentos remotos por celular e videoconferência.

Como médico, que conselho você daria para as pessoas que não estão na linha de frente do comba-te ao novo coronavírus?
Sintam-se responsáveis pelas vidas dos próximos, mostre seu amor pelo mundo mantendo o distanciamento.

E para as que estão na linha de frente?
Que Deus os proteja e os guie para salvar vidas.

Último presente que se deu?
Uma viagem para um congresso internacional em San Diego, na Califórnia. Viajaria na próxima semana, porém o congresso foi cancelado. Preciso me dar um novo presente, mas não penso em nenhuma viagem até a pandemia terminar.

Se o dia tivesse 27 horas, como usaria essas três horas extras?
Usaria todo o tempo extra para lazer. Se pudesse, iria visitar muitos amigos e parentes que não vejo há muito tempo.

Algo inusitado que recomenda que todos façam uma vez na vida?
Sempre acordo e agradeço pelo meu dia que vai começar. Sentir gratidão traz felicidade interior, e esse é o maior antídoto para as doenças.

Uma mudança importante na sua personalidade no último ano?
Comecei a trabalhar semanalmente em São Paulo, mas decidi continuar morando e lecionando em Curitiba. A minha qualidade de vida nessa cidade é incomparável a qualquer outro lugar que eu já tenha conhecido ou vivido. Também estou me tornando menos ansioso. Tenho menos pressa hoje em dia.

E, se não fosse você, quem gostaria de ser?
Gostaria de ser um índio vivendo no meio da floresta amazônica, aprendendo tudo sobre a natureza e preservando as florestas e os rios.

*Matéria originalmente publicada na edição 235 na revista TOPVIEW.

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