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Os caminhos do empresário Ari Silva

O diretor presidente do Grupo Rodoxisto, também sócio de mais cinco negócios, revela sua trajetória inspiradora e o que o motiva atualmente

Quinhentos embarques por dia, mais de uma centena de funcionários e 15 escritórios espalhados pelo Brasil – sem contar a matriz, que fi ca em Curitiba. Quem olha a robustez do Grupo Rodoxisto, que há 20 anos atua nos segmentos de transporte, seguro de carga, logística de transporte e fi nanceira, entre outros, difi cilmente consegue imaginar que essa história começou de forma bem mais modesta.

Ari Silva, 45 anos, atual diretor presidente da empresa, nasceu em Marialva, norte do Paraná. Filho de pais separados – o pai era guardião de posto e a mãe, vendedora autônoma –, começou a trabalhar já na infância, vendendo sorvetes e salgados. Na adolescência, trabalhou na roça e, aos 13 anos, deixou a casa. “Saí viajando, pegando carona. Trabalhei em vários lugares fazendo bico, fui garçom. Dormia em cadeira, em cima da mesa”, relembra o empresário. Aos 15 anos, ele voltou a morar com a mãe e dois irmãos em Guarapuava, onde trabalhou em vários lugares como auxiliar mecânico, garçom e em uma ofi cina de funilaria e pintura, até iniciar, seis meses depois, o trabalho com o irmão mais velho em uma empresa de transportes, como auxiliar de escritório. Era abril de 1990. Ari recebia um salário mínimo e a remuneração dele e do irmão, que ganhava um pouco mais, mais a da mãe, copeira na época, mantinha duas casas: a de Ari, a mãe e o irmão menor, e a casa do irmão, já casado e com fi lho. E, de certa forma, foi um episódio trágico o momento decisivo para o surgimento da Rodoxisto: o irmão mais velho morreu, aos 23 anos, em um acidente de carro. Assim Ari, então com 18 anos, assumiu seu papel na empresa de transportes, viajando de carro para atender e angariar clientes na safra de batata. Fez isso por sete anos, de 1990 a 1997, de onde saiu para abrir a sua própria empresa, a Rodoxisto, em Contenda, na rodovia do Xisto – por isso o nome. “Eu comecei porque meu irmão me colocou, aconteceu. Foi a necessidade”, explica Ari, que passou a atender os clientes da antiga empresa, que encerrou suas atividades na região.

(Foto: Ligia Lagos)

A Rodoxisto começou como uma empresa de dois funcionários, que ajudava a dar vazão à produção de batata da região. Quando conheceu a atual esposa, Marlene, Ari estava muito endividado. “A gente era pequeno e tinha muitos concorrentes. Quase falido, percebi que estava saindo muito fora do mercado; alguma coisa tinha que ser feita”, conta. Marlene encarou o desafi o e passou a trabalhar com o marido. Eles batalharam muito, viajaram, visitaram muitos clientes, fi zeram contatos. “Percebemos a necessidade dos clientes do Paraná, em função da sazonalidade das safras, de ir trabalhar fora do estado e pensamos: ou acompanhamos esse pessoal ou vamos sair do mercado”, explica Marlene. Aos poucos, foram ampliando os negócios, conhecendo seus futuros clientes e abrindo ou estendendo fi liais pelo Brasil. Marlene acabou agregando à empresa com a sua formação em administração, comércio exterior e pós em recursos humanos. Há cerca de quatro anos, veio o passo seguinte da Rodoxisto: a contratação de uma consultoria, que fi cou um ano dentro da empresa.

O espírito empreendedor, nato em uma pessoa que trabalhou desde cedo e que sempre teve que se virar, faz com que Ari não fi que parado. Segundo ele, o mérito também é da equipe que formou ao longo dos anos. Além da Rodoxisto, o casal atua em mais cinco negócios, como sócios: Casa W (salão de beleza), RiseApp (uma plataforma de gerenciamento de academia), RiseCash (uma empresa subadquerente responsável pela intermediação de pagamentos com cartão de crédito e débito), representa a marca Tomate Puro no sul do país e, em breve, lança o Wobbi, um aplicativo similar ao Uber, mas para transporte de carga.

O filho de dona Noêmia é hoje pai de quatro fi lhos – João Eduardo (17), Pedro Henrique (16), Manuella (2) e Antonella (3 meses), as duas últimas com Marlene. Seu passatempo, junto à esposa, é jantar fora. Entre os restaurantes preferidos de Ari, o japonês Aizu. O sonho atual é voltar para Israel, a terra santa, pela quarta vez, e seguir com o eterno aprendizado. Sobre pessoas que o inspiram, Ari cita o tio Haroldo que, na sua adolescência do empresário, foi gerente de vendas de uma concessionária, e o ensinou a ser transparente e gentil. Analisando sua trajetória, Ari, de religião evangélica, enfatiza: “Nada seria possível sem Deus em minha vida. A Ele, toda honra e toda glória”. 

*Matéria publicada originalmente na edição 213 da revista TOPVIEW. 

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