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O couvert não é pão com manteiga

Como agradar aos clientes em um momento no qual eles têm mais experiências fora dos restaurantes?

Certa vez, aprendi uma simples informação que me foi útil para a vida toda, pois mudou a forma como eu enxergava o, até então, incômodo couvert nos restaurantes. Dizia o Rogério Fasano, restaurateur do Grupo Fasano, em uma entrevista concedida para as páginas amarelas da revista Veja, quando questionado sobre por que o couvert no Fasano custa R$ 27 se ele é só um pãozinho com manteiga: “A palavra francesa vem do italiano coperto, que quer dizer, literalmente, ‘cobertura’. É aquilo que o restaurante cobra para garantir a reposição do que ele considera importante oferecer ao cliente, para que o estabelecimento mantenha sempre a categoria do material oferecido. Ele não tem nada a ver com pão de queijo, manteiga, parmesão. Na Itália, não existe ‘não pedir couvert’. Se você não quiser comer grissini, não come, mas o coperto está lá — e custa, sei lá, 10 euros.”

A curiosidade é muito boa, mas aí você deve estar se perguntando: por que falar de couvert justamente agora, que 85% das pessoas comem fora do restaurante, no formato to go, takeout ou delivery?

Porque, assim como o couvert foi criado como um meio para permitir que os restaurantes investissem na experiência presencial de seus clientes por meio de uma boa decoração, bons talheres, louças etc., esses mesmos restaurantes devem pensar, agora, em como agradar a seus clientes a partir do delivery e do take away.

Vale lembrar o ditado japonês de que “se come antes com os olhos do que com a boca”. Se pelo delivery é inviável usar uma bela peça de madeira para servir o sushi, por exemplo, há que se pensar em meios para que, visualmente, a comida siga sendo atrativa quando chega à sua casa dentro de uma caixa entregue pelo motoboy.

Vi alguns exemplos criativos durante a quarentena que valem ser mencionados: o restaurante de um amigo adotou embalagens de delivery 100% biodegradáveis.

Depois de usadas, você pode, literalmente, cavar um buraco com elas no jardim, enterrá-las e simplesmente aguardar alguns dias até que sumam e virem compostagem para a terra.

Outro restaurante fez o contrário: criou embalagens legais, em um material plástico mais firme, para que possam ser reutilizadas para uso doméstico em geral, assim como usamos os potinhos de tupperware. Um belo jeito de manter a lembrança da marca no dia a dia do consumidor sem ter que gastar com publicidade para isso.

E você, o que tem feito ou visto de ações inteligentes para melhorar a experiência do consumidor nesse novo hábito de consumo?

*Coluna originalmente publicada na edição #242 da revista TOPVIEW. 

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