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O arquiteto do futuro

Felipe Guerra incorporou seu lado artístico à arquitetura e criou projetos únicos e futuristas

Felipe Guerra é é arquiteto, diretor de arte e criador de mundos no metaverso. Suas funções como um projetista do futuro cresceram ao longo dos anos – sempre alinhadas com a vertente artística que herdou da avó.

O arquiteto Felipe Guerra (Foto: Lucy Lima)
O arquiteto Felipe Guerra (Foto: Lucy Lima)

Guerra, que foi um dos sócios do inconfundível Jaime Lerner, é um dos “meninos dos olhos” da arquitetura curitibana. Com grandes feitos nessa área e também fora dela – como, por exemplo, na cenografia de festivais de música e na direção criativa de uma escola de samba e de espetáculos teatrais –, o jovem profissional desponta com um olhar futurista e inovador.

Ambiente no metaverso da empresa Incepa.
Ambiente no metaverso da empresa Incepa.

Em seus projetos, ele se descobre, cada vez mais, como um “projetista do futuro”. Felipe conta que o próprio Lerner costumava dizer que, de fato, esse é o papel do arquiteto: “ter o futuro em mãos”. A TOPVIEW conversou com o profissional para saber mais sobre sua história. Veja a seguir:

Quando e como você começou na arquitetura?
Eu entrei na faculdade nos anos 2000. Sou da segunda turma da Universidade Positivo, o que foi uma experiência fantástica, porque era um curso novo com pessoas que já trabalhavam com arquitetura, decoração e design, mas não tinham formação.

Eu também tive vontade de trabalhar desde muito cedo. Então, já no primeiro ano da faculdade, eu estagiei no escritório do Maurício Pinheiro Lima e, no terceiro ano, recebi um convite para estagiar no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC). Depois, fui parar no escritório do Jaime Lerner.

Projeto em 3D da orla de Balneário Camboriú.
Projeto em 3D da orla de Balneário Camboriú.

Nunca vou esquecer da entrevista que eu fiz. Ele entrou na sala e eu tremia por dentro. Mas o Jaime, como sempre, foi uma pessoa muito doce e gostou de mim logo de cara. Nós criamos uma relação superforte até o final da vida dele.

Hoje, sou sócio do escritório. O próprio Jaime me convidou quando eu tinha por volta de 10 anos de escritório. E até hoje desenvolvemos projetos para o mundo todo, dentro de um  escala mais dedicada ao urbanismo e a grandes obras de arquitetura.

O que significa ser um arquiteto para você?

No começo, a gente aprende que o arquiteto é o profissional que cria e  desenvolve espaços. Mas é muito mais
do que isso. Para mim, o arquiteto é um profissional que pode exercer qualquer tipo de função com maestria. Eu conheço alguns geniais que são fotógrafos, estilistas e cozinheiros, porque o curso e a vida do arquiteto te prepara
para enxergar o mundo com outros olhos, com cuidado e uma curiosidade além do normal. 

“O arquiteto trabalha sempre no futuro”: essa é uma frase do Lerner com a qual eu concordo. Nós temos a chance de ter o futuro em nossas mãos, porque estamos sempre projetando algo que ainda vai acontecer.

Ambiente no metaverso
Ambiente no metaverso

Você também é diretor de criação. Conte um pouco sobre essa relação com a área.
Além da arquitetura, eu sempre tive um lado artístico muito forte. Eu tenho uma avó, que é uma grande artista plástica paranaense. Então, desde muito cedo, ela me trouxe essa referência da arte.

Então, eu sempre falo do triângulo Vitruviano – firmitas, utilitas e venustas. O meu triângulo é meio “deformado”.

Ele tem uma abertura maior na perna dos venustas, na parte da beleza, da estética e das artes, que é uma parte que me fascina muito. E, durante essa minha jornada de arquiteto, postando coisas nas redes sociais, um grande diretor cênico entrou em contato comigo perguntando se eu gostaria de trabalhar com cenografia, porque ele percebia nos meus projetos algo que tinha potencial para esse mundo.

E foi assim que eu comecei. Fiz projetos para várias empresas importantes no país, como Coca-Cola, Chilli Beans e Swarovski. E, a partir disso, fui me aprofundando nessa história, pensando na experiência como um todo, e entrei a para parte do figurino, da música, da performance. Deixei de ser cenógrafo
para ser um diretor de arte.

Como você entrou no metaverso?

Por incrível que pareça, tudo aquilo que eu estava fazendo na minha vida como profissional se juntou com o metaverso. Então, toda aquela experiência de arquitetura, de cenografia e de direção de arte acabou gerando um produto que é esse que eu estou trazendo para o metaverso.

Afinal, o que é o metaverso? É uma segunda vida nossa no mundo digital, então, tudo o que a gente faz hoje no mundo físico vamos começar a fazer também no mundo digital. Como eu já criava experiências para empresas no mundo físico, quando entramos na pandemia, eu tive que pensar em como oferecer essa mesma experiência, com essa mesma potência, no espaço digital. Essa é uma conversa muito interessante, porque o metaverso envolve arquitetura, arte e marketing. E, a partir daí, você oferece uma série de possibilidades.

Quando você começou, há 20 anos, imaginou que iria mergulhar nesse universo digital e fazer tudo o que fez?

Não, eu não imaginava. O que eu sabia é que tinha essa vertente artística dentro de mim. E foi ao acaso – eu tenho que dizer isso porque é verdade. Então, a partir daquilo que eu vinha fazendo, o universo vai, impressionantemente, aglutinando as pessoas e as energias que estão na mesma sintonia. Veio a cenografia, depois a direção de arte e, em seguida, o metaverso. Tudo isso apareceu na minha vida ao acaso. Mas, obviamente, o acaso é, também, fruto de um trabalho, de uma dedicação e de um amor por aquilo que está sendo feito.

*Matéria originalmente publicada na edição #264 da revista TOPVIEW.

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