Descubra quem são os homens por trás de 3 grandes empresas do agronegócio paranaense
José Aroldo Gallassini
O homem forte do agronegócio do Paraná
A agenda do presidente da Cooperativa Agropecuária Mourãoense, a Coamo, José Aroldo Gallassini, 78 anos, é bastante disputada. Chega ao ponto de dar a impressão de se tratar de um homem inacessível e “blindado” por seus assessores. Entretanto, basta um pouco de contato com ele para ver que, por trás do cargo de executivo de uma das maiores cooperativas do agronegócio da América Latina, há um homem simples, que cumpre expediente na empresa e, no tempo livre, faz questão de estar com a esposa, Marli, e as filhas, Lenara Letícia e Larissa Lorena.
Nascido em Brusque (SC), Gallassini cursou Agronomia em Curitiba, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), e atribui ao destino ter chegado a Campo Mourão. “Nunca tinha ouvido falar em Campo Mourão, mas topei a parada e, desde então, não saí mais daqui”, comenta, referindo-se à cidade onde vive há 50 anos – 43 deles à frente da presidência da Coamo, que ajudou a fundar.
Em Campo Mourão, é possível encontrar Gallassini assistindo à missa, aos domingos pela manhã, ou no supermercado – fazendo compras e conferindo se os produtos da Coamo estão bem localizados nas gôndolas.
Não abre mão da vida tranquila e sem frescuras. Isso inclui evitar o uso do terno, reservado exclusivamente para cerimônias. Prefere botas e calças jeans, que lhe permitem circular à vontade pelas fazendas. As férias ao lado da família também são sagradas. O roteiro, normalmente, é o litoral catarinense.
Além de plantar soja, Gallassini é apaixonado pela pecuária e tem projetos de diversificação de renda e de melhor uso da propriedade. Além de ser cooperado da Coamo e da Credicoamo (Cooperativa de Crédito), é também é associado da Cooperaliança, cooperativa de carnes com sede em Guarapuava, e da Unimed, na área da saúde.
A Coamo está sediada em Campo Mourão, no Centro-Oeste do Paraná, e conta com entrepostos em 71 municípios nos estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. A cooperativa ficou com o 46.º lugar no ranking das maiores e melhores empresas brasileiras de 2018 da revista Exame. No Paraná, perde apenas para a francesa Renault e está à frente da Copel Distribuição.
Marcelo Podolan Lacerda Vieira
Empreendedorismo se aprende em casa
As divisas do estado do Paraná são apenas diretrizes geográficas para Marcelo Podolan Lacerda Vieira. O empresário cresceu em meio às propriedades rurais da família, em Guarapuava, na Região Central do Paraná. Desde pequeno, aprendeu com o pai, Manoel Lacerda Cardoso Vieira, lições básicas de gestão, empreendedorismo e respeito ao meio ambiente. Cursou administração, ganhou conhecimento e experiência em cursos nos Estados Unidos e na Europa, mas optou por voltar à cidade natal para dar continuidade aos negócios.
Hoje, é CEO do Grupo Santa Maria, empresa que exporta para diversos países e está entre as 500 maiores do agronegócio brasileiro, segundo a Revista Amanhã. O grupo é formado pela Santa Maria Papéis, Reflorestadora São Manoel, Três Capões Agronegócio e Curucaca Geradora, no segmento de energia.
Entre a rotina corporativa cercada de responsabilidades e decisões, o empresário encontra na família, nos esportes e nas viagens o equilíbrio necessário para conduzir os negócios. “Sou privilegiado por trabalhar em um ambiente retirado do centro e rodeado por uma de nossas fazendas. Um lugar rico em natureza e localizado a 23 quilômetros da cidade, o que torna o deslocamento mais tranquilo”, afirma o empresário, referindo-se à qualidade de vida que Guarapuava oferece.
À frente de uma corporação que conquistou em 2017 o título Great Place to Work, Vieira coloca em prática o que gostaria de observar no cenário brasileiro: integridade, profissionalismo e gestão sustentável dos recursos existentes. “A educação de qualidade pode trazer excelentes resultados em todos os aspectos da nossa sociedade. É necessário criar um ambiente que proporcione educação às crianças e desenvolvimento e trabalho para jovens e pais de família, além de favorecer o respeito e a assistência aos idosos”, ressalta o administrador, reforçando ainda a importância de um ambiente econômico que estimule o crescimento das empresas.
Lindomar Massan
Conhecedor do mundo
Quando conseguiu o diploma de engenheiro agrônomo, Lindomar Massan, hoje com 50 anos, recebeu “de brinde” outra grande responsabilidade: o controle dos negócios da família e da Fazenda Santa Helena, no município de Santa Mariana, no Norte do Paraná – a 90 quilômetros de Londrina. Apesar de “ter nascido na roça” e conhecer as demandas do campo, o jovem produtor rural considerou precipitada a atitude de seu pai, Alberto Massan, ao lhe passar o gerenciamento de toda a produção de soja e de milho.
Apesar dos riscos, a fórmula deu certo. Na última safra de soja (2018/2019), Massan colheu 900 mil quilos do grão. Em todo o Paraná, segundo a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), foram 16,8 milhões de toneladas, já considerando a quebra de aproximadamente 12% na safra.
Ainda assim, Massan é cauteloso: “Eu não vou fazer o mesmo com meu filho”, afirma, referindo-se ao primogênito, Pedro Henrique, 23 anos, que escolheu seguir a mesma carreira do pai. Casado com Diva Massan, ele também é pai de Vitória, 19 anos, que mora em Londrina, onde cursa Arquitetura.
Massan justifica sua decisão baseado na própria trajetória. O fazendeiro diz que não basta conhecer os fundamentos técnicos do agronegócio. É essencial maturidade e experiência na área. “A gente sai da faculdade com muita teoria na cabeça, mas acaba levando alguns tombos por falta de conhecimento prático. Hoje, não tem mais margem para erro. O custo é muito alto e erro é prejuízo”, enfatiza.
Adepto das novas tecnologias no campo, Massan procura estar informado sobre todas as novidades do agronegócio. No entanto, não se contenta em investir apenas na Santa Helena. Para ele, todos os produtores da região precisam estar informados.
Fundador e presidente da Associação dos Produtores Agrícolas Marianenses (APAM), todos os anos ele promove uma feira em sua fazenda para apresentar aos colegas as tendências do setor, processo que ele chama de “difusão de tecnologia”. “Na fazenda, meu trabalho é da porteira pra fora. Aquele que fica olhando só pra dentro não evolui”, afirma.
Mas o conhecimento, segundo ele, não pode se limitar às coisas do campo. Massan afirma que “é necessário conhecer o mundo”. De duas a três vezes ao ano, ele e a esposa fazem algum novo roteiro. Na viagem mais recente, em janeiro, aproveitaram para conhecer a região da Serra da Canastra, no sudoeste de Minas Gerais, e o interior da Bahia.
*Matéria escrita por Danielle Blaskievicz.